Política

Senador acredita em Operação 'exagerada' e crítica polarização política

Segundo Nelson Trad, a oposição ao Governo é importante para atender demandas de toda a população

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Victória de Oliveira
Senador Nelson Trad comenta situação política atual - (Foto: Bruno Barros)

O senador por Mato Grosso do Sul, Nelson Trad (PSD) detalhou, durante a sequencia de assuntos abordados em entrevista concedida nesta quinta-feira (04), ao programa Noticidade- Primeira Edição, da Rádio Cidade FM 97, a atual situação política dentro do Governo Federal. Segundo o político, "O que o Brasil precisa não é de polarização, mas sim achar soluções para os graves problemas que a nossa sociedade tem",

‘Nelsinho’, como é conhecido, foi convidado do programa Noticidade, transmitido ao vivo, e conduzido pelo jornalista e apresentador Rodrigo Nascimento, o Rodrigão. O político explica que a polarização dentro do Governo, isto é, grupos políticos defendendo apenas interesses próprios, é prejudicial para a democracia. “A polarização é nociva. Faz com que todas as coisas que estão andando não andem na velocidade que se precisa”, defende.

Nelson Trad debate que o Governo atual deve respeitar marcos anteriores, como o novo marco legal do saneamento e questões relativas aos investimentos e privatizações. “Não é porque um governo começou uma obra e não terminou que o outro vai parar tudo, porque aquele dinheiro que já está ali foi investimento e precisa ser aproveitado […] Infelizmente o que a gente vê é um revanchismo e onde se vê alguma coisa do Governo anterior, se tenta parar”, destaca.

Senador Nelson Trad foi entrevistado pelo Rodrigão - (Foto: Bruno Barros)

O senador acredita que a política é marcada por posições ideológicas. “Você tem que se posicionar […] Tenho um a história no campo centro-conservador da minha vida. Sou uma pessoa que defendo valores de família, a religião, sou um cristão contra o aborto. Também prezo por uma escola forte para os filhos. Foi assim que eu me procedi quando fui prefeito”. De acordo com ele, durante sua gestão como prefeito de Campo Grande, a Rede Municipal (Reme) era considera a segunda melhor do Brasil.

O político explica que as divergências políticas dentro do Governo Federal são pontos positivos, pois, dessa maneira, todos os campos políticos e ideológicos são defendidos de maneira igual. 

Segundo o político, o Partido Social Democrático (PSD), ao qual está inserido, é independente de ‘lados políticos’, isto é, nem esquerda, nem direita. Com isso, explica que o PSD é amplo em ideologias, com senadores de centro-direita, onde ele mesmo se enquadra, e senadores do campo da esquerda. “A gente se respeita. A divergência lá sempre é admitida e respeitada”. Ainda, revela que votou no senador Rogério Marinho (PL) para presidente do Senado Federal, em vez do atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD).

Nelson Trad destaca diversas ideologias políticas no PSD - (Foto: Bruno Barros)

Nelson Trad aproveitou a oportunidade para explicar a situação do PSD. Segundo o político, ainda que o Partido tenha saído fraco das eleições de 2022, “não estamos enterrados”. “Temos como nos reinventar e readequar aos recado que a urna deu”, pontua. 

Operação contra Bolsonaro - Segundo o senador, os ânimos no Governo estão aflorados. “Qualquer ação em cima de uma figura pública desperta atenção, ainda mais uma figura como o ex-presidente Jair Bolsonaro. Todo mundo está sem saber direito o que está acontecendo, o que levou a Justiça a fazer essa determinação”, explica.

O ex-presidente Jair Bolsonaro é um dos alvos da Operação Venire que investiga adulteração em cartões de vacinação. A residência do ex-presidente foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (3). Os agentes também recolheram o celular de Bolsonaro. 

Na avaliação pessoal do político, a Operação da Policia Federal foi “exagerada”. "Porque, vamos dizer que era somente para mostrar o cartão de vacinação e o celular. Será que se não enviasse um ofício, uma intimação, para que pudesse ser entregue o aparelho e o cartão de vacinação, o ex-presidente não o teria feito?", questiona.

Senador Nelson Trad questiona ação da PF - (Foto: Bruno Barros)

Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro. Entre os detidos está o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação foi confirmada pela defesa do ex-assessor.

O senador comentou sobre a situação da oposição ao atual Governo Federal dentro do Senado. “Depois que ocorre uma Operação de busca e apreensão e prisão de auxiliares diretos, como aconteceu ontem, é lógico que o ânimo vai estar mais acalorado, mais quente. Agora, a gente precisa fazer com que - e a própria oposição já entendeu isso - contribuir com as propostas de uma ação mais liberal, de enxugar cada vez mais a máquina pública, para fazer com que se sobre mais recursos públicos para investimentos”. 

Investimentos - O senador por Mato Grosso do Sul explica os investimentos que serão trazidos ao estado. Os projetos encaminhados, conforme o entrevista, foram 95% aprovados durante o mandato do antigo presidente Jair Bolsonaro. “O atual Governo Lula ainda não começou a liberação de recursos dos projetos que lá estão cadastrados, mesmo obras que já se iniciaram”, detalha.

“É muito comum eu receber ligações de prefeitos e vereadores de cidades do interior […] dizendo que as obras estão em passos lentos e paralisadas. Precisa que esse atual Governo entenda que a liberação desses recursos é parte de um processo de civilização política. Não é porque você se posicionou de um lado ou do outro que você vai brecar o recurso. Porque quem se prejudica com isso é o cidadão que mora em Fátima do Sul, em Bonito, enfim, no interior”.  

Nelson Trad acredita que atual Governo deve ser mais rápido nos investimentos - (Foto: Bruno Barros)

O político também destacou suas ações durante os quatro primeiros anos de mandato como senador. Conforme o entrevistado, liberou, com auxílio da Prefeitura de Campo Grande, R$ 1,8 bilhão de investimento do Governo Federal para Campo Grande. “Espero que o presidente Lula supere a velocidade de ação do governo anterior”, pontua. 

Por fim, o senador afirma otimismo quanto à Reforma Tributária.“O imposto federal que pagamos aqui em Campo Grande, sai do bolso do campo-grandense. Então nada mais justo de que este recurso possa voltar para cá. Quando eu era prefeito, fiz um programa de refinanciamento onde eu demonstrava, no próprio carnê, quantos porcento do bolo do IPTU tal bairro pagava e quantas obras estávamos investindo naquele bairro, Tivemos 89% de adimplência”, destaca.

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