Após Bolsonaro ser vetado em jogo, Queiroga critica exigência da vacina
O ministro comentou o tema após Bolsonaro não conseguir entrar em estádio por não ter se vacinado contra a Covid


Após o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ser impedido de assistir presencialmente a uma partida de futebol entre Santos e Grêmio, no domingo (10), por não ter tomado a vacina contra a Covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçou ser contrário à exigência de um passaporte de vacinação para participar de eventos como esse. "Minha posição é a mesma", comentou Queiroga ao chegar ao Ministério da Saúde na manhã desta segunda-feira (11).
Em outras oportunidades, Queiroga chegou a afirmar que a exigência é "totalmente descabida", justificando que fere os princípios constitucionais. "A Constituição, no Artigo 5°, tem como princípio fundamental a liberdade", disse, em outra ocasião.
Desta vez, o ministro foi mais contido no comentário e disse que a exigência perderá a função à medida que a população adere à campanha de imunização e recebe a vacina no braço. "Vamos vacinar toda a população brasileira em breve. Já temos mais de 60% da população vacinada com as duas doses", afirmou, completando, ainda, que o governo federal trabalha com a dose de reforço, com mais de 2 milhões de pessoas.
A discurssão sobre o chamado passaporte da vacina voltou a repercutir depois que Bolsonaro usou as redes sociais para reclamar que não conseguiu assistir ao jogo entre Santos e Grêmio, na Vila Belmiro, neste domingo (10), por não estar vacinado. "Eu queria ver o jogo do Santos. Me falaram que tem que estar vacinado. Por que isso? Eu tenho mais anticorpos do que quem tomou a vacina. Por que cartão, passaporte da vacina?", disse. O clube, por outro lado, afirmou que não foi procurado pela equipe do presidente.
Interferência de Bolsonaro
Ao chegar à sede do ministério, Queiroga também respondeu sobre supostas interferências de Bolsonaro para barrar a discussão na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) sobre o novo protocolo para tratar pacientes contra a Covid. O relatório propunha a exclusão dos medicamentos que incorporam o kit Covid nas diretrizes ambulatoriais e sua leitura estava pautada para a semana passada, mas foi adiada, sem nova data definida.
A justificativa da pasta foi a de que "o coordenador do grupo de especialistas, que está elaborando as diretrizes do tratamento ambulatorial dos pacientes com Covid-19, solicitou que o relatório fosse retirado de pauta pela publicação de novas evidências científicas dos medicamentos em análise". Por isso, o documento só deve voltar a ser pautado após a finalização dos aprimoramentos.
Queiroga negou qualquer interferência como ministro para o tema ser retirado da discussão. "Quem incluiu na pauta fui eu. Lembra quando eu falava em Conitec? Ninguém sabia o que era a Conitec, que já existe há dez anos". O ministro da Saúde disse que a razão para a retirada havia sido informada pela própria comissão. "Tenho outras coisas mais a fazer do que ficar interferindo em câmara do ministério. Tenho que distribuir vacinas para a população, já distribuí mais de 310 milhões", afirmou. Queiroga comparecerá à CPI da Covid para prestar depoimento sobre o tema e disse estar com a "consciência tranquila".
Questionado se a orientação de retirar o tema de pauta veio de Bolsonaro, o ministro não respondeu diretamente. "O presidente tem uma tarefa imensa para gerir essa grande nação. Me colocou aqui para cuidar da Saúde e eu faço isso." Segundo Queiroga, há, sim, interferência de Bolsonaro. "Ele pede que a gente trabalhe, que a gente dialogue com a sociedade e faça entregas à sociedade, assim como fui ao Piauí, entregar equipamentos. E vou continuar fazendo isso. Digo que estou no rumo certo."
Queiroga não emendou o feriado e foi ao ministério nesta segunda cumprir agenda e "trabalhar para ver se a gente acaba com essa pandemia". Ele se reunirá com a assessoria internacional da pasta e pretende responder aos secretários da Saúde, a fim de "traçar rumos desse momento pandêmico e pós-pandêmico".
(Com informações R7.COM)
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