Polícia

Secretário de Segurança diz que facções criminosas atuam na região onde indígena foi morto em MS

Neri Guarani Kaiowá foi morto durante um confronto nesta quinta-feira (18) na Terra Indígena Nhanderu Marangatu

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Da redação
Marli Gomes Guarani e Kaiowá foi atingida por tiro de bala de borracha no último dia 12 de setembro (Foto: Renato Santana/Cimi)

O governador, Eduardo Riedel realizou uma reunião com integrantes da Segurança Pública do Mato Grosso do Sul após a morte do jovem, Neri Guarani Kaiowá nesta quarta-feira (18) na Terra Indígena Nhanderu Marangatu, em Antônio João. O óbito ocorreu depois de um confronto e troca de tiros com a Polícia Militar em uma região rural da cidade, na fronteira com o Paraguai.

Diante do cenário, o secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, esclareceu que os 100 policiais militares que estão no local cumprem ordem da Justiça Federal para manter a ordem e segurança na propriedade rural, assim como permitir o ir e vir das pessoas entre a rodovia e a sede da fazenda. O conflito na região se arrasta há anos, no entanto, a situação se acirrou nos últimos dias.

Além da disputa por terra, também foi apurado pela inteligência policial que há interesses de facções criminosas relacionadas ao tráfico de drogas, já que há diversas plantações de maconha próximas à fazenda, do lado paraguaio, pois a região está na fronteira entre os dois países.

As equipes de perícia já estão no local da morte para devida identificação e apuração dos fatos. Foram apreendidas armas de fogo com o grupo de indígenas que tentava invadir a propriedade e todo este material será coletado para formação de um relatório que será entregue em Brasília.  

O caso – Neri Guarani Kaiowá foi morto a tiros nesta quarta-feira (18) na Terra Indígena Nhanderu Marangatu durante ataque à retomada dos indígenas na Fazenda Barra. Na ocasião, uma mulher também teria sido atingida na perna por disparos de arma de fogo e os barracos da retomada foram destruídos.

Segundo as informações do Conselho Indigenista Missionário, a violência contra os indígenas começou na madrugada e seguiu pela manhã. A Polícia Militar arrastou o corpo de Neri para um pedaço de mata, no entanto, a ação gerou revolta entre os Guarani e Kaiowá que passaram a avançar para o local em que o corpo foi levado. Então, novos confrontos se estabeleceram, mas os policiais seguiram com a decisão de afastar o corpo.

Os ataques contra a retomada Guarani e Kaiowá ocorreram no mesmo local em que os indígenas receberam na sexta-feira (13) a Missão de Direitos Humanos organizada pelo Coletivo de Solidariedade e Compromisso aos Povos Guarani, que na semana passada percorreu o oeste do Paraná e no Mato Grosso do Sul visitou a TI Nhanderu Marangatu, atacada um dia antes, além das retomadas da TI Panambi – Lagoa Rica, em Douradina.

Conforme os indígenas, atiradores “mercenários” estavam junto à PM durante o ataque realizado contra a comunidade. “Foi a PM. Já estão nos atacando desde antes da vinda da Missão de Direitos Humanos”, denuncia uma indígena. Na quinta-feira (12), três indígenas já haviam sido baleados pela PM na Terra Indígena Nhanderu Marangatu: uma das vítimas é Juliana Gomes que segue hospitalizada em Ponta Porã depois de levar um tiro de arma letal no joelho,  a irmã e um jovem também levaram tiros de bala de borracha.

Por meio de nota, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) manifestou seu profundo pesar e indignação diante dos violentos ataques sofridos pela comunidade e informou que já acionou a Procuradoria Federal Especializada (PFE) para adotar todas as medidas legais cabíveis e está comprometida em garantir que essa violência cesse imediatamente e que os responsáveis por esses crimes sejam rigorosamente punidos. 
 

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