Pilotos de Marília Mendonça seriam indiciados por homicídio culposo se estivessem vivos, diz delegado
"Chegamos à conclusão com respeito às famílias", comenta chefe da investigação


O piloto e o copiloto do avião que caiu com a cantora Marília Mendonça seriam indiciados por três homicídios culposos, quando não há intenção de matar, caso estivessem vivos. A informação foi divulgada pela Polícia Civil de Minas Gerais, nesta quarta-feira (4), durante apresentação do inquérito.
Segundo o delegado de polícia Sávio Assis, a perícia mostrou que os tripulantes foram negligentes e imprudentes ao alongar a chamada perna do vento, um procedimento de pouso. Nesse momento, eles saíram da área de segurança do aeródromo e bateram em uma rede de alta-tensão. O investigador detalha que, antes do voo, os pilotos deveriam ter consultado ao menos três documentos que indicam a presença de obstáculos na região.
"Houve quebra do dever de cuidado e imprudência da tripulação ao alongar a perna do vento. Na negligência, foi a falha na análise prospectiva. Tudo leva a crer que os pilotos não tomaram ciência das cartas de voo que previam a linha de transmissão e não seguiram os procedimentos padrões previstos para a aeronave", detalhou o delegado.
O delegado Ivan Sales, da unidade responsável pela investigação em Caratinga, explica que o inquérito foi arquivado devido à morte dos tripulantes, conforme prevê a legislação.
"A Polícia Civil não está afirmando que os pilotos tiveram a intenção de provocar o acidente. Entretanto, a ausência de cuidado que caberia a eles deu causa ao acidente. Chegamos a esta conclusão com muito respeito aos familiares. Nós sabemos da dor deste momento", declarou Sales.
Em nota após a divulgação do inquérito, o advogado Sérgio Roberto Alonso, representante da Vitória Medeiros, filha do piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior, criticou as conclusões. Para ele, o relatório "não tem fundamento nas provas do inquérito e é até injuriosa com a imagem do Piloto e Copiloto".
"Este acidente ocorreu porque a Cemig instalou a rede de alta tensão na final do aeródromo de Caratinga na altitude do tráfego padrão que é de 1000 pés, cujo aeródromo não tinha Carta Visual de Aproximação. Tanto isto é verdade que Cemig seguiu a recomendação do CENIPA, sinalizou a linha em 01 de setembro de 2023; o Descea fez a Carta de Aproximação Visual; O Descea elevou a altitude do tráfego padrão de 1000 pés, para 1350 pés, uma vês que a altitude do tráfego padrão era a mesma da linha de transmissão. Se tudo isto tivesse sido feito anteriormente, não teria ocorrido o acidente", completou o advogado.
Segundo o delegado Ivan Sales, da Delegacia de Caratinga, os pilotos tinham ao menos três opções de documentos que poderiam ter sido consultados para averiguar a existência de obstáculos. A investigação apontou que a checagem era obrigatória.

Histórico
A investigação levou em conta o laudo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira. O documento declarou que a torre de transmissão estava fora da área de segurança. Desse modo, não precisaria ser sinalizada. Na época da divulgação do laudo, os advogados da família do piloto questionaram a desobrigação da sinalização.
O acidente aconteceu no dia 5 de novembro de 2021, em Piedade de Caratinga, a 302 km de Belo Horizonte. Marília estava a caminho de um show na região. A aeronave caiu aproximadamente um minuto antes do pouso.
Todos os ocupantes morreram. Além da artista, estavam no voo Henrique Bahia, produtor da cantora; Abicieli Dias, tio e assessor de Marília; o piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.
(Com informações do Portal R7)
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