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'Número de atendimentos não condiz ao total de vezes que paciente foi até UPA', diz Sesau sobre Sophia

Sophia de Jesus Ocampo, de apenas 2 anos e sete meses foi morta por mãe e padrasto que estão presos

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Marina Romualdo
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Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campocano Leitheim seguem presos (Foto: Reprodução/Rede Social)

A pequena Sophia de Jesus Ocampo, de apenas 2 anos e sete meses foi morta pela mãe, Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos e pelo padrasto, Christian Campocano Leitheim, de 25 anos, na última quinta-feira (26) na Vila Nasser, em Campo Grande (MS). A mãe da criança a levou já sem vida para UPA Coronel Antonino.

Durante as investigações, o que chamou atenção da Polícia Civil é que a menina havia sido atendida mais de 30 vezes na unidade de pronto atendimento. Inclusive, em uma delas, ela estava com a tíbia quebrada.

Em nota, Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que em uma única ida à unidade de saúde, o paciente possui diversos atendimentos, como acolhimento, triagem, consulta médica e medicação. Desta forma, este número de atendimentos não corresponde ao número total de vezes que a paciente foi até a UPA. "Todos os atendimentos foram prestados conforme era de competência da unidade de saúde".

Indagada sobre o porquê que a assistência social não tomou nenhuma atitude em relação aos hematomas e fratura atípica que a menina estava apresentando em alguma das idas na unidade de saúde, a Sesau explica que as investigações relacionadas às agressões são de competência da polícia. "Além disso, ainda que nos atendimentos realizados anteriormente à morte da criança, não foram identificados tais sinais".

Sophia de Jesus Ocampo de apenas 2 anos e sete meses foi morta pela mãe e pelo padrasto (Foto: Reprodução/Rede Social)

Na sexta-feira (27), a Perícia Técnica da Polícia Civil foi até a residência onde Sophia foi morta. Os investigadores apreenderam diversos pertences da família como 2HDs, 2CPUs e documentos que irão passar por perícia.

A Polícia Civil através da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) relatou ao Diário Digital que o laudo pericial que irá constatar a morte e o suposto estupro de vulnerável ainda não ficou pronto.

O casal estava preso desde quinta-feira (26) e no último sábado, 28 de Janeiro, a Justiça de Mato Grosso do Sul decretou a prisão preventiva do casal. Stephanie foi encaminhada o estabelecimento Penal Feminino "Irmã Irma Zorzi" e Christian para a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira.

Na decisão, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida entendeu que é prudente manter a prisão para impedir que o casal tente atrapalhar o andamento regular do processo. "Conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 04h de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova. Se solto, certamente de tudo fará para dificultar ou desfigurar as demais provas", afirma no despacho.

A Péricia Técnica está na residência dos envolvidos (Foto: Vinicius Souza/TV MS Record)

O caso – O boletim de ocorrência informa que a mãe levou a criança já morta até a UPA Coronel Antonino na Capital. A criança estava com diversas lesões pelo corpo e com as partes íntimas da menina apresentavam-se excessivamente dilatadas.

Quando foi informada sobre o óbito, a mãe não esbouçou reação nem remorso, descreve o registro policial. A Polícia Civil afirma que as investigações apontam que o padrasto teria orientado a genitora a dizer que a criança “caiu do playground [parquinho]”.

Foi apurado que o pai da criança havia registrado dois boletins de ocorrência no ano passado por maus-tratos à filha na Depca, um em março e o outro em novembro. Os registros policiais foram abertos após o genitor notar hematomas na menina. Conforme a delegada, o registro havia sido encaminhado para o Poder Público. Ambos boletins haviam sido finalizados e encaminhados para o Poder Público.

Em depoimento, Stephanie confessou as agressões. A delegada da DEPCA, Anne Karine Sanches Trevizan Duarte disse que a mãe afirmou que a criança era agredida fisicamente pelo padrasto e algumas vezes por ela, como forma de ‘correção’. "A genitora contou também que não denunciou as agressões porque o companheiro ameaçava tirar a guarda da outra filha, da qual o agressor era o pai biológico", relata a delegada.

Passagens por violência doméstica – O padrasto preso possuía passagens na polícia por violência doméstica contra a ex-companheira, com a qual também possui um filho. Além disso, divide um boletim de ocorrência restrito com a mulher por maus-tratos a animais, registrado no ano passado na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (DECAT).

A mãe também era autora dos dois boletins de ocorrência registrados pelo genitor da menina no ano passado. O homem permaneceu em silêncio durante o interrogatório do caso mais recente, destaca a delegada. 

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