'Minha neta estava com o rosto desfigurado no velório', disse avô de Sophia durante audiência
Pais de Stephanie e a ex-companheira de Christian prestaram depoimento na segunda-feira (17)
Os suspeitos de assassinar a pequena, Sophia de Jesus Ocampo, de apenas 2 anos de idade, passaram por audiência de instrução e julgamento na tarde de segunda-feira (17) na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande (MS). A mãe, Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos e, o padrasto, Christian Campocano Leitheim, de 25, estão presos pelo homicídio.
Na data, as testemunhas foram ouvidas e relataram como era a convivência com os suspeitos. Entre eles, estava o pai de Stephanie, Rogério da Silva. Ele disse que nunca pensou que isso poderia acontecer com a sua família. "Me separei da mãe da Stephanie, quando ela tinha 4 anos. Então, desde sempre ela culpa a gente por sermos ausentes, por isso, não tinha muito contato com ela e com a Sophia".
"Meu último contato com a minha neta foi no dia 07 de outubro de 2022. Eu lembro que ela tinha algumas lesões, mas a gente sempre ouvia falar que era questões de quedas. Você jamais vai acreditar que uma criança estava sendo espancada, mordida. Depois que tudo aconteceu, que eu vi fotos do braço da Sophia saindo sangue", afirma Silva.
Além disso, Rogério afirmou que a casa da filha era lotada de homens. "Uma vez minha esposa chegou a dizer que tinha medo que a Sophia pudesse ser estuprada. Então, acredito que esse estupro foi coletivo, pois, os amigos deles se ausentaram depois do que aconteceu". Por fim, lamentou que "minha neta estava com o rosto desfigurado no velório. Aquela não era a Sophia que eu conhecia".
Em seguida, a mãe de Stephanie, Delziene da Silva Jesus disse que tentava ter uma aproximação com a filha e com a neta. "Depois que ela começou um relacionamento com o Christian, ela mudou. Ela me proibia de ir na casa deles. Acredito que ela foi conivente com a morte da Sophia". O último dia que viu a pequena viva foi no dia 15 de janeiro.
Na sequência, a ex-companheira de Christian, Andressa Victoria Canhete prestou depoimento. Os dois têm um filho em comum de 4 anos. Durante os relatos, ela relatou que o mesmo era muito agressivo e que tinha medidas protetivas contra ele. "Em alguns dias, a Stephanie queria deixar a Sophia com o pai, mas ele não deixava. Meu filho dizia que sempre era agredido pelo pai e que via a irmã ser espancada também".
Contudo, Andressa destacou que a suspeita sabia das agressões, no entanto, era ele quem determinava tudo na vida da pequena. Para finalizar, a mesma salientou que Christian não deixava a enteada ver o pai, por ele ser homossexual.
Durante os depoimentos, os familiares de Sophia expuseram cartazes em frente ao órgão pedindo justiça pela morte da pequena. No final da sessão, o juiz Carlos Alberto Garcete informou que a próxima audiência de instrução está marcada para o dia 19 de maio.
Defesa de Christian – O advogado de defesa, Renato Cavalcanti Franco relatou ao Diário Digital que em relação a suposta prática do crime de homicídio o suspeito negou as acusações. "Temos que aguardar a instrução processual tanto da parte dele e quanto da parte da Stephanie. Já nas apresentações de versões, podemos adiantar o que foi colhido inicialmente foi negado por ele. Sobre a segunda parte que ainda é investigado, sobre a suposta prática de estupro, temos que esperar o resultado da perícia para saber se houve ou não a prática do crime e apurar se foi o Christian", explicou.
Durante a sessão, a defesa pediu para que o cliente responda o processo em liberdade, pois, alegou que o suspeito está sofrendo ameaças dentro da prisão. Diante do fato, foi dado o prazo de 48 horas para que o relatório de ameaças seja apresentado pela defesa do acusado.
15 de Janeiro – No último dia 15 de janeiro, foi a última vez que o pai da Sophia, Jean Carlos Ocampo viu a pequena. Neste dia, ele retornou com a filha para casa da mãe. De acordo com ele, quando o mesmo dizia que iria levar a menina para casa de Stephanie, ela dizia que "a mamãe não". "A Stephanie era agressiva, foram dois boletins registrados de lesões e uma da fratura em que a minha filha estava com a perna quebrada", salienta o pai da criança.
"Estou na base de remédios antidepressivos para poder melhorar. Eu ia trabalhar para comprar coisas para Sophia e agora eu não tenho mais ela. Sophia era tudo pra mim", relata o pai chorando durante a audiência. No final, ele afirma acreditar que os dois suspeitos são os culpados pela morte de Sophia.
Relembre o caso – A pequena foi assassinada pela própria mãe, Stephanie de Jesus da Silva e pelo padrasto, Christian Campocano Leitheim, no dia 26 de Janeiro.
O laudo de necrópsia confirmou que a Sophia foi morreu em decorrência de um traumatismo raquimedular, isto é, lesão na coluna vertebral. Foi constatado também que a criança também foi estuprada porém, “não recente”. Além disso, a bebê foi morta entre 9h e 10h, mas só foi levada para unidade de saúde às 17h.
Na tarde do dia 26 de fevereiro, a mãe da pequena a levou já morta à UPA Coronel Antonino na Capital. A criança tinha várias lesões pelo corpo e as partes íntimas pareciam excessivamente dilatadas. A suspeita de estupro foi confirmada.
Ao ser informada sobre o óbito, a mãe não teria esboçado surpresa ou remorso, segundo descreve o registro policial. A Polícia Civil afirma que as investigações apontam que o padrasto teria orientado a genitora a dizer que a criança “caiu do playground [parquinho]”.
Investigadores do Grupo de Operações e Investigações (GOI) foram acionados até a UPA. A princípio, a mãe negou que agredia a menina. Relatou que trabalhava durante o dia e que a filha ficava sob cuidados do padrasto. Então, apontou que o homem batia na menina com tapas e socos, para “corrigi-la” e afirmou, inclusive, que participava das agressões.
Durante as investigações, o que chamou atenção da Polícia Civil é que a menina havia sido atendida mais de 30 vezes na unidade de pronto atendimento. Inclusive, em uma delas, a criança estava com a perna quebrada. Com a apuração, foi constatado que a pequena teve a perna quebrada com um chute do padrasto, Christian.
Com todas as constatações, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) denunciou Stephanie e Christian por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável. Além do homicídio, Stephanie foi denunciada pela omissão de socorro da menina.
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