Gaeco recupera mensagens que mostram que Sophia era torturada por acusados
"Fala que você vai quebrar o pescoço dela, pronto, resolvido o negócio", disse o padrasto em uma das mensagens para mãe da pequena
O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado, analisou as mensagens trocadas entre Christian Campoçano Leitheim e Stephanie de Jesus da Silva e constatou que os réus torturavam a pequena, Sophia de Jesus Ocampo, de apenas 2 anos de idade. A criança foi morta no dia 26 de janeiro deste ano.
No relatório, as conversas de aplicativo de mensagem revelam torturas e até ameaças feitas por Christian para quebrar o pescoço da menina. Além disso, o filho de acusado, de 5 anos, também era espancado. Ele se encontra atualmente em um abrigo após a escola dele descobrir que estava sendo agredido pelo avô paterno, o policial militar aposentado, Adailton Cristiano Leitheim.
Nas mensagens é possível ver que os ambos agiam com maldade e frieza com as crianças. "Deixa ela passar fome, deixa ela sem comer", disse Stephanie em relação à Sophia, para o marido em uma das ocasiões. Em outra mensagem, o Christian relatada rindo que "espancado foi pouco, eu acabei de arrebentar, ele, só murro só. Murro e chinelada no pé para ele largar de ser besta", ao ter espancado o filho dele de 5 anos.
Já em outro relato, o padrasto diz para esposa que "uai é só você falar para Sophia aqui não, dá um tapão na orelha dela e põe ela sentada. Acabou fala que se ela levantar, você vai quebrar o pescoço dela, pronto, resolvido o negócio". Sendo assim, a pequena morreu após ser estuprada sexualmente e sofrer um trauma raquimedular.
Por meio de nota, os advogados Janice Andrade e Josemar Fogassa, que atuam como Assistentes de Acusação, representando o pai da Sophia, Jean Ocampo, informaram que não deixa dúvidas das condutas criminosas dos réus. "Observando o relatório, podemos constatar que os acusados praticavam uma rotina de agressões e torturas contra Sophia Ocampo de Jesus e o irmão, de 5 anos, quais consistiam em tapas, porradas, beliscos, cintadas, socos, e etc por mais de um ano, utilizando inclusive métodos de tortura para esconder possíveis marcas, além do abuso psicológico que incluíam castigos como permanecer tempo em pé ou sem alimentação".
"Ademais, é assustador, como demonstrado no relatório, que os dois se divertiam com as surras que davam nos menores, inclusive um orientava o outro, e incentivavam as agressões contra as crianças, caracterizando sadismo puro dos acusados, que tinham o prazer de torturar as crianças de todas as formas. Entre as mensagens, ficou demonstrado ainda ameaças que foram concretizadas, como a de 'quebrar o pescoço' da pequena Sophia, jogar na parede e sufocar", finaliza a nota.
O laudo de necrópsia confirmou que a Sophia foi morreu em decorrência de um traumatismo raquimedular, isto é, lesão na coluna vertebral. Foi constatado que a criança também foi estuprada, porém, “não recente”. Além disso, a bebê foi morta entre 9h e 10h, mas só foi levada para unidade de saúde às 17h.
Na tarde do dia 26 de fevereiro, a mãe da pequena a levou já morta à UPA Coronel Antonino na Capital. A criança tinha várias lesões pelo corpo e as partes íntimas pareciam excessivamente dilatadas. A suspeita de estupro foi confirmada.
Ao ser informada sobre o óbito, a mãe não teria esboçado surpresa ou remorso, segundo descreve o registro policial. A Polícia Civil afirma que as investigações apontam que o padrasto teria orientado a genitora a dizer que a criança “caiu do playground [parquinho]”.
Investigadores do Grupo de Operações e Investigações (GOI) foram acionados até a UPA. A princípio, a mãe negou que agredia a menina. Relatou que trabalhava durante o dia que a filha ficava sob cuidados do padrasto. Então, apontou que o homem batia na menina com tapas e socos, para “corrigi-la” e afirmou, inclusive, que participava das agressões.
Durante as investigações, o que chamou atenção da Polícia Civil é que a menina havia sido atendida mais de 30 vezes na unidade de pronto atendimento. Inclusive, em uma delas, a criança estava com a perna quebrada. Com a apuração, foi constatado que a pequena teve a perna quebrada com um chute do padrasto, Christian.
Com todas as constatações, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) denunciou Stephanie e Christian por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável. Além do homicídio, Stephanie foi denunciada pela omissão de socorro da menina.
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