Polícia

'Foi uma atitude impensada, no calor da emoção' diz acusado de matar cunhada

Marielly Barbosa Rodrigues morreu após um aborto malsucedido em 2011 em Sidrolândia

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Marina Romualdo
Hugleice da Silva e Jodimar Ximenes Gomes ainda estão no Fórum de Sidrolândia (Foto: Vinicius Souza/TV MS Record)

Hugleice da Silva e Jodimar Ximenes Gomes estão sendo julgados nesta quinta-feira, 15 de Setembro, em Sidrolândia (MS). Eles estão sendo acusados pelo aborto malsucedido que resultou na morte de Marielly Barbosa Rodrigues, de 19 anos na época, em 2011.

Hugleice que era cunhado de Marielly – companheiro da irmã da vítima. Em maio de 2011, a jovem desapareceu de Campo Grande (MS). Em 11 de junho do mesmo ano, o corpo da estudante foi encontrado em um canavial de Sidrolândia. As investigações da Polícia Civil realizadas após o crime apontaram que o homem e a cunhada tiveram um caso, cujo culminou na gravidez da vítima.

Em depoimento, o cunhado da vítima contou que no dia do crime a família tinha almoçado junto e pela tarde a jovem teria ligado para ele dizendo que estava sozinha e que era para os dois se encontrarem próximo ao aeroporto da Capital. Em seguida, seguiram para o interior onde o aborto aconteceu.

"Eu sei que nada que eu fizer, falar ou demonstrar vai trazer ela de volta ou remir a dor que a família passou, estou extremamente arrependido por ter deixado a situação seguir dessa forma e não ter falado a verdade pra família sobre o que estava acontecendo. A gente poderia estar com ela aqui hoje, mas essa atitude impensada, no calor da emoção fez acontecer o que aconteceu", salienta Hugleice.

Durantes as investigações, laudos mostram cerca de 30 ligações por dia do Hugleice pra vítima. E, um dia antes do crime, ele ligou 16 vezes pra Marielly.

Na data, ambos estão sendo julgados pelo pelo crime de aborto e pela ocultação do cadáver, 

(Foto: Vinicius Souza/TV MS Record)

Aborto – O enfermeiro Jodimar foi procurado pro Hugleice para o realizar o procedimento ilegal. Pois, Marielly e o cunhado decidiram abortar o feto. Conforme denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o ex-cunhado pagou R$ 500 na época para que o enfermeiro fazer o aborto. Mas, o procedimento deu errado e a vítima sofreu forte hemorragia e veio a óbito.

Na audiência, o profissional chorou e negou todas as acusações. Porém, uma mulher que é vizinha e que trabalhava com o enfermeiro prestou depoimento dizendo que no dia 21 de Maio presenciou um casal na frente da casa de Jodimar. "Eles ficaram um tempo conversar. Era uma moça morena clara com o rosto bonito, cabelos cumpridos e usava aparelho", lembra. De acordo com ela, o rapaz que estava na caminhonete era compatível com características do Hugleice.

Após a saída dos dois, Jodimar falou para colega de trabalho que eram apenas amigos. Já no dia em que a Polícia Civil foi até a casa dele e apreendeu a maca e os objetos usados no aborto, três carimbos médicos e entre outros. No mesmo dia, os policiais foram até a casa da vizinha para saber informações. Logo, em seguida, ele foi visitar a vizinha para saber o que a equipe policial haviam perguntado para ela.

Marielly Barbosa tinha 19 anos (Foto: Reprodução)

Depois do aborto – Hugleice relatou que como o procedimento foi malsucedido, Jodimar pegou uma espécie de maca, a levaram para a caminhonete dele. "Após a morte, tudo virou uma bola de neve e que não conseguia ver um fim pra situação, pois, iria perder a família, já não conseguia mais fazer com que ela voltasse. Eu estava em uma situação que eu não sabia o que fazer mais".

Em seguida, seguiram para o canavial na região da cidade. Quando chegaram no local, Jodimar pegou a vítima pelo pés e Hugleice nas mãos e a colocaram no local.

Na volta para cidade, Hugleice deixou Jodimar em uma parte da cidade e foi embora. Sabendo da morte de Marielly, o cunhado agiu de forma fria e ainda ajudou a família quando soube do desaparecimento da jovem no dia 22 de Junho de 2011.

Na época, Hugleice e Jodimar não foram presos. Desta forma, o cunhado se mudou para o estado de Mato Grosso (MT) juntamente com a esposa e a mãe da vítima.

Condenado - Mesmo com pena mínima ou inocentado, Hugleice deixa o julgamento de volta para a prisão. Atualmente, cumpre pena em regime fechado após tentar matar a ex-esposa e irmã de Marielly, Mayara Barbosa. Foi condenado em 2020 pela justiça de Mato Grosso a 12 anos e 3 meses de reclusão por homicídio tentado qualificado, ocorrido em 2018, no estado vizinho.

O crime ocorreu na cidade de Rondonópolis onde o casal morava, após Hugleice encontrar mensagens de Mayara com um vizinho que denotava um relacionamento extraconjugal entre os dois.

Fugiu para Ponta Porã, mas no dia 23 de novembro foi preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no quilômetro 267, da BR-163, quando chegava em Dourados (MS). Mayara foi atingida por uma facada no pescoço e levou pontos, ela recebeu alta do hospital no dia 21 de novembro.

 Hugleice chega escoltado no julgamento (Vídeo: Vinícius Souza/TV MS Record)

 

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