Polícia

Dona e funcionária de creche são presas por torturar e dopar crianças

Após denúncia de ex-aluna, suspeitas foram flagradas praticando crime por câmeras instaladas pela polícia no local

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Marina Romualdo
As suspeitas foram presas pelos crimes de tortura qualificada e exposição da vida e saúde à risco (Foto: Divulgação/PCMS)

A equipe da Delegacia de Atendimento à Mulher de Naviraí (MS) prendeu na segunda-feira, 10 de Julho, duas mulheres por torturar e dopar crianças em uma creche no município. Câmeras instaladas pela polícia, flagraram a proprietária, Caroline dos Reis, de 30 anos e a funcionária, Mariana de Araújo, de 26, praticando o crime no local.

De acordo com as informações policiais, a equipe policial tomou conhecimento na semana passada do relato de uma criança, que é ex-aluna do estabelecimento. A mesma disse que não foi vítima dos crimes, mas presenciou a dona do local, que também é cuidadora do espaço, agredir outros bebês, batendo suas cabeças contra o sofá e colocando pano na boca de uma delas para que não chorasse quando a cuidadora queria assistir seriado na televisão.

Durante o relato, foi informado também que a mulher dava remédios para as crianças dormirem quando estavam chorando. Com isso, foram realizadas diligências e houve a necessidade da delegacia representar pela medida de interceptação ambiental no estabelecimento. Sendo assim, com o deferimento da medida, os equipamentos foram instalados pela equipe do Departamento de Inteligência da Polícia Civil e o monitoramento por áudio e vídeo, que deu início por volta das 06h da manhã de segunda-feira (10). No final da manhã, a proprietária da creche foi vista agredindo uma bebê, de 11 meses.

Nas imagens, os policiais conseguiram analisar que a bebê estava em um colchão no chão, sozinha e havia saído do travesseiro que estava. A mulher então brutalmente tirou a criança do colchão e a jogou no local em que estava. Em seguida, a bebê voltou a chorar, possivelmente por estar incomodada por fome, necessidade de trocar ou por estar cansada de ficar no mesmo lugar por muito tempo, momento em que a investigada novamente a pegou e jogou no colchão e também desferiu alguns tapas no corpo da bebê, nitidamente como castigo em virtude do choro. Como eram captados imagem e som, além disso, foi possível ouvir a mulher chamar a bebê de "sem vergonha" e dizer quando a menina começasse a andar estavam "lascadas". Imediatamente, uma equipe da polícia foi ao local para intervir, enquanto outra equipe permaneceu analisando as imagens.

No monitoramento, a equipe de investigadores estranhou o fato da bebê não se levantar do colchão e permanecer no local por horas – sem se arrastar, engatinhar ou andar apresentando estar sob efeito de medicamento, pois, seria normal que um bebê de 11 meses fosse agitado. Em uma das imagens, foi possível ver que a funcionária, de 26 anos, ministrou algum remédio na mesma bebê, que dormiu por horas.

Além disso, as imagens mostram que tanto a proprietária quanto a funcionária, ambas cuidadoras no estabelecimento, ficaram por muito tempo sentadas, mexendo no celular, sem olhar efetivamente as crianças que lá estavam. No local, a equipe policial constatou que havia mais crianças, algumas estavam com fome e foram alimentados pela própria polícia.

Na data, a perícia criminal foi acionada e apreendeu o medicamento ministrado pela cuidadora, no qual, é utilizado para tratamento de sintomas de enjoo, tontura e vômitos, podendo causar sonolência, havendo a descrição de proibição na embalagem e na bula quanto ao uso por crianças menores de 02 anos. Diante disso, o Conselho Tutelar foi acionado e as crianças foram entregues aos responsáveis.

A bebê de 11 meses realizou exame de corpo de delito, sendo constatada pela perícia médica que a criança apresentava edema em região malar esquerda e lesão bolhosa em face medial do terço médio do pé esquerdo. Além disso, pode perceber que a pequena teve sofrimento mental, esse ainda pior, pois, não deixou marcas visíveis, haja vista que a criança era xingada e menosprezada pela cuidadora, que após torturá-la a deixava chorando sozinha.

Diante dos fatos, Caroline foi presa em flagrante pelos crimes de tortura qualificada e exposição da saúde de outrem à perigo. Já Mariana, de 26 anos, também foi presa pelo crime de exposição da saúde de outrem à perigo.

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