Polícia

Delegado-geral pede para sair do cargo após confusão no trânsito em Campo Grande

Em carta, Adriano Garcia Geraldo relata que os motivos para saída são pessoais

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Marina Romualdo
Delegado-Geral da Polícia Civil Adriano Garcia Geraldo (Foto Gov MS)

Adriano Garcia Geraldo pediu para sair do cargo de delegado-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (MS) nesta sexta-feira, 18 de Fevereiro, após a confusão com uma motorista de 24 anos, na noite de quarta-feira (16) na avenida Mato Grosso, em Campo Grande (MS).

Como já noticiado no Diário Digital, Adriano atingiu os três pneus do veículo modelo Renault Kwid de uma mulher após uma briga no centro da Capital. O caso acabou repercutindo no Estado.

Em uma carta direcionada ao Governador Reinaldo Azambuja, ele esclareceu que os motivos da saída são pessoais.

"CONSIDERANDO, que por questões de cunho pessoal e familiar, opta por colocar à disposição de Vossa Excelência a função em apreço, cujos motivos que ensejaram a presente tomada de decisão serão esclarecidos pessoalmente em momento oportuno. Sem mais para o momento, aproveito o ensejo para externar os sinceros agradecimentos pela confiança e apoio dispensado por Vossa Excelência e equipe, no período em que este signatário esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia Civil, ressaltando que permanecerá à disposição exercendo com muita honra o cargo de Delegado de Polícia Civil deste Estado", diz a carta.

A carta:

(Foto: Divulgação)

O caso – Delegado-Geral da Polícia Civil, Adriano Garcia Geraldo acabou se envolvendo em uma confusão de trânsito com um com uma motorista de 24 anos, na avenida Mato Grosso, em Campo Grande. Durante a confusão, o delegado atingiu os três pneus do carro, conduzido pela mulher, um Renault Kwid.

A Polícia Civil emitiu uma nota, na manhã desta quinta-feira (17), explicando os fatos segundo o delegado. De acordo com o comunicado, o Delegado-Geral transitava conduzindo um veículo oficial pela Avenida Mato Grosso, quando teve sua trajetória interceptada algumas vezes pelo veículo Renault Kwid, "expondo a grande risco os demais condutores da via, e os demais transeuntes que caminhavam nas imediações".

Imediatamente Adriano Garcia Geraldo, que ainda conduzia a viatura, se identificou como policial por meio de sinais luminosos intermitentes e sonoros da viatura, determinando ao outro condutor que parasse, contudo, "o outro condutor não obedeceu valendo-se de manobras evasivas e perigosas e continuou seu trajeto, na tentativa de evadir-se (o que configura Desobediência – Art. 330 - pena prevista de 15 dias até 6 meses de detenção e multa - e Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente - Art. 132: Pena - detenção, de três meses a um ano, do Código Penal)" informa a nota.

O Delegado-Geral conseguiu realizar uma manobra de forma a impedir que o veículo continuasse a transitar (obstruindo sua trajetória), momento em que desembarcou da viatura e em abordagem padrão, saiu do veículo e colocou-se próximo à porta do automóvel, em que estava a condutora, novamente se identificando como policial civil, e determinou que a mesma desembarcasse do veículo.

Não obedecendo a ordem, a condutora efetuou novas manobras no intuito de atingir o Delegado-Geral e evadir-se, vendo-se este obrigado a, utilizar-se dos meios proporcionais à agressão sofrida, realizar dois disparos contra os pneus do veículo, de forma a evitar um possível atropelamento.

A condutora continuou a fuga e mais à frente, novamente o delegado alcançou-a determinando que parasse, contudo, tal comando novamente não foi obedecido e então foi efetuado o terceiro disparo no pneu dianteiro direito do veículo.

Mesmo com três pneus atingidos a condutora ainda acessou a via, realizando um retorno em sentindo contrário, subindo, desta feita, o canteiro central da Av. Mato Grosso, tentando se desvencilhar da abordagem, e somente parou próximo a uma escola de inglês, após ser novamente interceptada pelo policial.

Foi acionado reforço pelo delegado e o mesmo com a presença de outros policiais civis e militares a condutora recusou-se a sair do veículo, o que somente veio a fazer após um longo período (mais de 30 minutos).

Toda a ação teria sido filmada por uma câmera do tipo “GoPro” que estava no interior do veículo Renault Kwid, com a parte da frente do citado equipamento voltada para a via pública, o que teria proporcionado tal registro.

Foi testemunhado por um Policial Militar que a condutora de referido automóvel teria tentado engolir um chip que estava no interior de citado equipamento de filmagem.

Questionada sobre a atitude, a condutora do veículo Renault Kwid inicialmente negou a referida ação, posteriormente, contudo, entregando, já na Delegacia de Polícia, um chip a seu advogado, o qual foi entregue à autoridade policial plantonista para realização de perícia.

A ocorrência foi apresentada na DEPAC, onde estão sendo colhidos os depoimentos e adotadas as demais medidas.

A nota diz ainda que " a Polícia Civil reforça que a ação do Delegado Geral foi tomada em cumprimento ao dever legal de agir de um policial que se depara com situação de clara afronta à Lei, e que colocou em risco, não só a vida do próprio agente de segurança mencionado, mas também dos outros condutores e pedestres que estavam no local da ocorrência. A reação adotada pelo agente público (disparos efetuados em direção ao pneu do veículo) foi proporcional e necessária frente a agressão sofrida, sendo único meio eficaz, naquele momento, a fazer cessar a ação contrária à Lei".

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