Casal estava junto há um ano e mulher morta pediu medida restritiva em fevereiro
Delegada titular da DEAM explicou que casal continuou junto mesmo após boletins de ocorrência
A delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), Elaine Benicasa relatou na manhã desta terça-feira, 2 de agosto, que Luciana Carvalho, de 45 anos, morta na noite desta quinta-feira, 28 de julho, pelo companheiro Inácio Pessoa Rodrigues, de 47 anos, registrou em fevereiro boletim de ocorrência contra o autor e expôs a situação de violência doméstica que passava ao lado do homem.
A representante da Deam contou que indícios apontam que o casal retornou a convivência após o caso. “Esse fato, de retornar com o autor, meio que enfraquece um pouco a medida de proteção”, lembra. O casal vivia há pouco mais de seis meses em imóvel de três cômodos da Avenida Júlio de Castilho, em Campo Grande. O proprietário, Luiz de Jesus, de 66 anos, afirmou que as brigas eram constantes entre Luciana e Inácio.
Em conversa com a imprensa, também explicou que Inácio registrou em 1º de julho ocorrência contra a companheira por injúria. “No b.o. [boletim de ocorrência] menciona que ela ameaçou matá-lo com uma faca”, contou a delegada. Porém, a DEAM investiga se o feminicídio foi premeditado.
Elaine Benicasa apontou que as discussões eram motivadas por motivos parecidos. “Brigas por conta de bens pessoais, como anéis. Existe até um boletim de ocorrência registrado por conta de uma televisão. Sempre bens envolvidos”, declara.
A delegada reforçou que Inácio seguiu a rotina normalmente após o feminicídio. “Saía para trabalhar e trancava a casa para que ninguém entrasse e visse Luciana morta”, explicou. O caso foi descoberto após vizinhos de terreno ficarem incomodados com a ausência da vítima e com o odor que exalava da casa. Acionaram o proprietário do imóvel para abrir a porta principal.
Inácio permanece preso preventivamente na Deam e deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira, 3 de agosto. Ele tentou fugir durante a prisão, porém foi capturado a cerca de 300 metros da residência. A titular da delegacia explica que o autor responderá por ocultação de cadáver e feminicídio.
6º no ano - Elaine Benicasa explica que esse é o sexto caso de femicídio em 2022 na Capital. “Temos um gráfico que mostra que a média anual de feminicídios entre 2015 e 2022 é de 5 a 8”, declarou. Faltando um semestre para encerrar o ano, os casos em Campo Grande já ultrapassam o menor indicativo da média.
“Em 2020, o ano em que começou a pandemia, a situação também foi bem crítica: foram 12 casos de feminicídio”, contou.
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