Polícia

Brigas eram constantes, relata proprietário de casa onde homem matou esposa a facadas

Inácio Pessoa Rodrigues conviveu quatro dias com o corpo da esposa morta

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Victória de Oliveira
Terreno abrigada edícula onde Luciana foi morta - (Foto: Luciano Muta)

As brigas no imóvel localizado na Avenida Júlio de Castilho, Vila Silva Regina, em Campo Grande (MS), onde Inácio Pessoa Rodrigues, de 47 anos, matou a companheira Luciana Carvalho, de 45 anos, e conviveu com o corpo por quatro dias, eram rotineiras. O proprietário do terreno que abriga três casas, uma principal e duas edículas no fundo, Luiz de Jesus, de 66 anos, explicou que a vítima desabafava sobre a relação conturbada com o autor. 

Ao Diário Digital, Luiz contou que alugava o imóvel para Luciana e Inácio há pouco mais de seis meses, inclusive, já havia pedido para desocuparem pequena a casa de três cômodos diversas vezes. “Ela [Luciana] sempre pedia um tempo [para sair da casa]. Falava que estava com emprego novo e pedia para eu esperar", disse. 

Proprietário relata brigas do casal - (Foto: Luciano Muta)

A mulher foi morta na noite da quinta-feira, 28 de julho, após mais uma das discussões entre o casal. Inácio, de maneira fria, conviveu com o corpo da vítima caído no chão da cozinha até a noite desta segunda-feira, 1º de agosto, quando vizinhos incomodados com a ausência de Luciana e com o odor que exalava da casa acionaram o proprietário do imóvel para abrir a porta principal, trancada pelo autor todas as manhãs ao sair de casa para trabalhar

Luiz relatou que prontamente foi ao imóvel e abriu a porta com a chave reserva que possui. Olhou para a direita e encontrou a inquilina já caída no chão da cozinha em avançado estado de decomposição. “O cheiro estava bem forte, muito sangue pela casa e até ‘corós’ [larvas] onde o corpo estava caído”, observou o proprietário. Na cozinha, também estava chumaço de cabelo da vítima, encoberto pelas larvas.

Chumaço de cabelo estava encoberto por larvas - (Foto: Luciano Muta)

O proprietário, ainda, lembrou que Luciana contava para ele sobre as brigas que possuía com Inácio. “Ela ia lá em casa [na mesma rua onde ocorreu o crime], pedia um café - que eu passava na hora se não tinha - e falava que brigaram de novo, por conta de ciúmes, de coisas materiais. Eu falava para ela pegar as coisas e ir para longe dele, que não valia o tempo”, contou. 

E Luciana tentou uma vez sair da situação. Em fevereiro, registrou boletim de ocorrência contra Inácio e expôs a situação de violência doméstica que passava ao lado do homem. Inclusive, chegou a pedir medida protetiva contra ele, porém retornaram a relação, explica a delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), Elaine Cristina Ishiki Benicasa.

Problemas com álcool - O proprietário do imóvel, ainda, relatou que a vítima chegou a contar que o companheiro fazia tratamento contra a dependência de Inácio. Explicou que Luciana trocava de empregos com frequência pois faltava muito, porém não entrou em detalhes. 

“Ela ajudava ele no tratamento. Levava ele para as sessões”, afirmou. Também desconhece a informação de que a discussão havia iniciado com o homem embriagado ou se ele seguia com o tratamento.  

Dormia na residência - O autor, seguiu a vida normalmente após o crime. Desferiu dois golpes na companheira, que a fizeram cair no chão da cozinha, deixou a faca no local do crime  e continuou na casa até a manhã seguinte, na sexta-feira, 29 de julho, quando saiu para trabalhar. A noite, retornou para a residência para dormir. A rotina se repetiu até ontem, quando o crime foi descoberto.

Autor foi preso - (Foto: Reprodução/@sheriff67)

Inácio, ainda, voltava para casa quando foi avistado por uma equipe policial, que havia sido avisada pelos vizinhos de que o homem era suspeito do feminicídio. Ao avistar os militares, tentou fugir, porém foi capturado a cerca de 300 metros do local. 

Questionado, o acusado confessou o crime e afirmou que a vítima não queria desbloquear o aparelho celular dela, o que o levou a matá-la. Foi preso em flagrante e encaminhado para a Deam, assim como a faca utilizada no crime. Ele responderá por ocultação de cadáver e feminicídio.

Galeria de imagens - (Fotos: Luciano Muta)

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