Plantão Saúde

Profissionais da Santa Casa levantam balões brancos em passeata até a Prefeitura para cobrar contrato

Enfermeiros e administrativos marcham até o Paço Municipal para tentar renegociação contratual

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Victória de Oliveira e Thays Schneider
Profissionais reunidos em frente à Santa Casa - (Foto: Luciano Muta)

Trabalhadores da Santa Casa de Campo Grande se reúnem na manhã desta terça-feira, 20 de agosto, para cobrar a renovação contratual com a Prefeitura Municipal. Os profissionais mancham da unidade hospitalar até o Paço Municipal na tentativa de conversar com a prefeita Adriane Lopes para acordar os repasses do executivo municipal para o hospital.

A Santa Casa tornou pública a crise com a Prefeitura em agosto, quando anunciou paralisação de procedimentos não-urgentes em decorrência de dificuldades financeiras. Na ocasião, o presidente do hospital, Heitor Rodrigues Freire informou que o valor do pagamento realizado pelo poder público é o mesmo desde 2019, aproximadamente R$ 23,8 milhões, e não é o suficiente para manter as despesas, que sofre impacto do aumento dos valores de medicamentos, principalmente após a pandemia da Covid-19.

Profissionais cobram renegociação contratual justa - (Foto: Luciano Muta)

O presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul (Sintesaúde/MS), Osmar Gussi explicou ao Diário Digital que a manifestação de hoje tenta consenso com a Prefeitura de Campo Grande. “A Santa Casa todo ano renova a contratualização com o poder público. Porém não está conseguindo chegar em um consenso financeiro com o órgão público. A Prefeitura, por sua vez, não tem como renovar o nosso acordo, que é anual”, ressalta.

Presidente do Sintesaúde, Osmar Gussi comenta situação dos trabalhadores - (Foto: Luciano Muta)

Atualmente, o acordado entre o Hospital e a Prefeitura é de R$ 23,8 milhões por mês, porém, em 9 de agosto, o executivo municipal informou repasse de R$ 19 milhões de emergência para tentar amenizar a crise.

O presidente do Sintesaúde afirma que os representantes do Hospital passaram por reuniões com o executivo municipal. “A Santa Casa apresenta um déficit de quase R$ 13 milhões por mês, e diz que não tem como fazer nenhuma proposta e não consegue, bem como não consegue impedir esse déficit com o órgão público”, ressalta.

A passeata teve como ponto de partida a Santa Casa, na rua Eduardo Santos Pereira, por volta das 08h30, e terá como destino a Prefeitura de Campo Grande, na avenida Afonso Pena. “Hoje nós estamos mobilizados para tentar sensibilizar e chegar num consenso, para que possamos ter nosso aumento devido e respeitado. Enfrentamos a pandemia, perdemos companheiros e nem é por isso. É porque é justo. Todo ano tem que ter”, declara Gussi.

Enfermeiros e administrativos marcham até a Prefeitura - (Vídeo: Thays Schneider)

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems), Lázaro Santana a manifestação aborda diversas pautas. “O acordo é anual. Todos os anos, no mês de março, [o sindicato] levanta pautas para a Santa Casa. Neste ano foi reajuste salarial [dos profissionais] e mais de 40 cláusulas entre econômicas e sociais”, explica. “Em março encaminhamos a pauta e tivemos duas reuniões até a presente data com a Santa Casa, onde a empresa apontou reajuste zero para os trabalhadores alegando que não tem contrato firmado ainda com a Prefeitura e nem contrato reajustado, que eles estavam buscando recursos para poder renegociar”, afirma Santana.

O presidente do Siems aponta também que a unidade hospitalar e o poder público não têm previsão de agendamento de reuniões futuras para discutir a renegociação contratual. “Então praticamente as negociações entre Santa Casa e Prefeitura estão praticamente paradas”, ressalta. Santana, ainda, expõe série de problemas enfrentados pelos trabalhadores do Hospital nos últimos meses, que culminou em enfermeiros em greve e operação das atividades com 30% do quadro de profissionais em 8 de agosto. “Quando não é acordo coletivo, é atraso de pagamento”, afirma.

Profissionais da Santa Casa vivem crise, aponta Lázaro Santana - (Foto: Luciano Muta)

O trajeto passa pela rua 13 de Maio. Participam da manifestação profissionais da enfermagem e da administração. O ato de hoje antecede paralisação do quadro de enfermeiros da Santa Casa, prevista para esta quarta-feira, 21 de setembro.

Passeata segue até o Paço Municipal - (Foto: Luciano Muta)

Financeiro -  A renda da Santa Casa é composta por recursos federais (R$ 14,9 milhões), que representam 63% do valor repassado.  Aproximadamente R$ 5 milhões, (21% do convênio) é proveniente da Prefeitura e o Estado contribui com R$ 3,8 milhões (16%).

Além de atender a população de Campo Grande, a Santa Casa é  referência para os outros 78 municípios em especialidades, como traumatologia, queimados, cirurgia cardíaca pediátrica e neurologia em alta complexidade.

Pauta - A situação financeira da Santa Casa de Campo é pauta de audiência pública realizada na próxima quarta-feira, 21 de setembro, na Câmara de Vereadores da Capital. O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Saúde da Casa, composta pelos vereadores Dr. Sandro Benites (presidente), Dr. Victor Rocha (vice), Dr. Jamal, Tabosa e Dr. Loester.

Segundo o vereador Dr. Victor Rocha, o repasse mensal da Prefeitura era de R$ 20 milhões em dezembro de 2016. Atualmente, o valor chega a R$ 23,8 milhões. Neste período, como comparação, a folha salarial da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) passou de R$ 40 milhões para R$ 60 milhões.

A audiência acontece a partir das 9h, no Plenário Oliva Enciso, com transmissão ao vivo pelo Facebook e Youtube da Casa de Leis

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