Plantão Saúde

Mesmo sob chuva, funcionários do Hospital Universitário levantam cartazes em greve

Funcionários lutam por reajuste e tentam barrar diminuição salarial proposta pelo Governo

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Victória de Oliveira e Thays Schneider
Funcionários permanecem em greve por tempo indeterminado - (Foto: Luciano Muta)

Funcionários do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HUMAP-UFMS) permanecem em greve por tempo indeterminado após quatro anos de espera pelo reajuste salarial, previsto para ocorrer anualmente. Nesta quarta-feira, 28 de setembro, nem mesmo a chuva que atingiu diversas regiões de Campo Grande (MS), impediu que os profissionais da saúde levantassem cartazes com as reivindicações em frente a unidade hospitalar federal. 

O Governo Federal é o responsável pelos repasses financeiros à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e que administra as unidades federais. O último reajuste salarial dos profissionais da saúde foi há quatro anos, em 2018, quando deveria ocorrer a março de cada ano, com a margem de 6% de aumento. A greve atinge hospitais de todo o país. No HUMAP, os funcionários paralisaram parte das atividades desde segunda-feira (26).

Ao Diário Digital, o secretário-geral do Sintsep (Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Mato Grosso do Sul), Wesley Cássio Goully esclarece que a greve dos profissionais da saúde envolve mais do que apenas aumento salarial. “O Governo [Federal] fez uma proposta de reduzir o salário dos profissionais da saúde, mexendo no fator insalubridade. A insalubridade é calculada hoje no salário básico dos profissionais e os representantes governamentais pediram para que fosse calculado sob o salário mínimo, dizendo que deveria reduzir a folha salarial”, explica.

Secretário-geral do Sintsep, Wesley Cássio Goully - (Foto: Luciano Muta)

O representante do Sintsep relembra o período conturbado vivido pelos profissionais da saúde durante a pandemia de Covid-19 no HUMAP, que chegou a atingir em diversos momentos da pandemia a superlotação de leitos hospitalares para assistir pacientes com sintomas graves provocados pela doença. “Os profissionais estão extremamente revoltados com isso [proposta de redução]. Depois de todo serviço prestado na pandemia, serviço prestado até mesmo hoje, com corredores lotados por falta de material, essa categoria esperava no mínimo reconhecimento do Governo”, desabafa. 

A nível nacional, cerca de 37 Hospitais Universitários vinculados à Ebserh paralisaram parte das atividades. No HUMAP, mesmo com a greve, os atendimentos à população funcionam com 60% do quadro de funcionários das áreas assistencial e médica, bem como 50% da administrativa. Goully reforçou, ainda, que não existe um período previsto para o término da greve, e que a paralisação só deve chegar ao fim quando o Governo Federal oferecer uma proposta justa de reajuste salarial. 

Greve na Santa Casa - A falta de reajuste salarial e repasses também é uma crise vivenciada pelos funcionários da Santa Casa de Campo Grande. Os profissionais da enfermagem paralisaram parte das atividades nesta quarta-feira, 28 de setembro, também por tempo indeterminado. A decisão foi definida nesta segunda-feira (26), após Assembleia com os funcionários do setor. No caso da Santa Casa, os repasses são do executivo municipal e devem ser acordados com a Prefeitura municipal.

Na sexta-feria, (22), o Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems) notificou o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, a Prefeitura Municipal de Campo Grande  e Câmara Municipal por ofício quanto à greve. No documento, foram destacados os motivos e ações que podem ocorrer durante a greve, conforme a Constituição Federal e  Lei 7.783/89.

A Santa Casa tornou pública a crise com a Prefeitura em agosto, quando anunciou paralisação de procedimentos não-urgentes em decorrência de dificuldades financeiras. Na ocasião, o presidente do hospital, Heitor Rodrigues Freire informou que o valor do pagamento realizado pelo poder público é o mesmo desde 2019, aproximadamente R$ 23,8 milhões, e não é o suficiente para manter as despesas, que sofre impacto do aumento dos valores de medicamentos, principalmente após a pandemia da Covid-19.

Atualmente, o acordado entre o Hospital e a Prefeitura é de R$ 23,8 milhões por mês, porém, em 9 de agosto, o executivo municipal informou repasse de R$ 19 milhões de emergência para tentar amenizar a crise.

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