Plantão Saúde

Após assembleia, enfermeiros da Santa Casa decidem por greve a partir desta quarta-feira

Atendimentos seguem na unidade hospitalar, porém com quadro reduzido e atendimento prioritário

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Victória de Oliveira
Enfermeiros em greve no último dia 20 de setembro - (Foto: Luciano Muta/Arquivo)

Os profissionais da enfermagem da Santa Casa de Campo Grande paralisam parte das atividades a partir desta quarta-feira, 28 de setembro, por tempo indeterminado. A decisão foi definida nesta segunda-feira (26), após Assembleia com os funcionários do setor. Os profissionais reivindicam reajuste salarial e cobram aumento dos repasses do executivo municipal para o hospital.

Na sexta-feria, (22), o Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems) notificou o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, a Prefeitura Municipal de Campo Grande  e Câmara Municipal por ofício quanto à greve. No documento, foram destacados os motivos e ações que podem ocorrer durante a greve, conforme a Constituição Federal e  Lei 7.783/89.

Enfermeiros decidiram ações da greve em Assembleia - (Foto: Divulgação/Siems)

A notificação enviada pelo Sindicato aborda, ainda, diversas tentativas de negociação. “[…] o movimento se manterá por tempo indeterminado até que haja consenso na pactuação do Acordo Coletivo de Trabalho da categoria. Lembramos que várias foram as tentativas de consenso sem sucesso até o momento e a data base da categoria ocorreu no mês de maio”, ressalta trecho do documento.

Ainda, o documento destaca que os atendimentos de urgência, emergência e terapia intensivo serão priorizados durante o movimento paredista, bem como o funcionamento sob escala dos demais setores. Mesmo com a greve por tempo indeterminado, o quadro de enfermeiros atuará na Santa Casa com efetivo de 30% dos funcionários. 

Problema antigo - Segundo a categoria, a instabilidade na contratualização entre o município e a Santa Casa é um problema antigo, que já resultou em atrasos salariais e atualmente impede o aumento do salário. Há uma semana, em 20 de setembro, os profissionais da unidade marcharam até o Paço Municipal na tentativa de conversar com a prefeita Adriane Lopes. Na ocasião,  o presidente do Siems, Lázaro Santana explicou que a manifestação é por diversas pautas. 

“O acordo é anual. Todos os anos, no mês de março, [o sindicato] levanta pautas para a Santa Casa. Neste ano foi reajuste salarial [dos profissionais] e mais de 40 cláusulas entre econômicas e sociais”, explica. “Em março encaminhamos a pauta e tivemos duas reuniões até a presente data com a Santa Casa, onde a empresa apontou reajuste zero para os trabalhadores alegando que não tem contrato firmado ainda com a Prefeitura e nem contrato reajustado, que eles estavam buscando recursos para poder renegociar”, afirma Santana.

Presidente do Siems, Lázaro Santana na paralisação do último dia 20 - (Foto: Luciano Muta/Arquivo)

A Santa Casa tornou pública a crise com a Prefeitura em agosto, quando anunciou paralisação de procedimentos não-urgentes em decorrência de dificuldades financeiras. Na ocasião, o presidente do hospital, Heitor Rodrigues Freire informou que o valor do pagamento realizado pelo poder público é o mesmo desde 2019, aproximadamente R$ 23,8 milhões, e não é o suficiente para manter as despesas, que sofre impacto do aumento dos valores de medicamentos, principalmente após a pandemia da Covid-19.

Atualmente, o acordado entre o Hospital e a Prefeitura é de R$ 23,8 milhões por mês, porém, em 9 de agosto, o executivo municipal informou repasse de R$ 19 milhões de emergência para tentar amenizar a crise.

A renda da Santa Casa é composta por recursos federais (R$ 14,9 milhões), que representam 63% do valor repassado.  Aproximadamente R$ 5 milhões, (21% do convênio) é proveniente da Prefeitura e o Estado contribui com R$ 3,8 milhões (16%).

Além de atender a população de Campo Grande, a Santa Casa é  referência para os outros 78 municípios em especialidades, como traumatologia, queimados, cirurgia cardíaca pediátrica e neurologia em alta complexidade.

Greve no Hospital Universitário - A crise financeira também atingiu o Hospital Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HUMAP-UFMS) e os profissionais da saúde declararam greve, também por tempo indeterminado, nesta segunda-feira, 26 de setembro. No caso da unidade, os funcionários estão sem reajuste salarial, previsto para ocorrer em março de todo ano, desde 2019. Os repasses são de responsabilidade do Governo Federal.

Trabalhadores da saúde do HUMAP pedem reajuste salarial - (Foto: Divulgação/Sintsep)

O secretário-geral do Sintsep (Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Mato Grosso do Sul), Wesley Cássio Goully  afirma que as tratativas entre o Governo Federal e os funcionários do Hospital Universitário foram problemáticas em diversas vezes. “Essa negociação foi muito dura, muito pesada para gente, porque em alguns momentos o Governo ofereceu até absurdamente uma redução salarial através da diminuição da nossa insalubridade. Isso seria um valor extremamente impactante no salários dos trabalhadores da saúde do Hospital Universitário. A partir dessa falta de proposta, que fosse decente e justa com os trabalhadores, a gente decidiu entrar em greve por tempo indeterminado”, explicou.

Goully reforçou, ainda, que não existe um período previsto para o término da greve, e que a paralisação só deve chegar ao fim quando o Governo Federal oferecer uma proposta justa de reajuste salarial. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) organizou a paralisação de modo que o HUMAP-UFMS continuasse os atendimentos, mesmo que com quadro reduzido. O secretário-geral reforça que 60% da área assistencial e médica, bem como 50% da administrativa, seguem os cuidados com a população.

 

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