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Suicídio: maior anti estigma do mundo

No Brasil, suicídio mata em média 38 pessoas ao dia, mais que homicídios, câncer ou guerra. Você sabe como ajudar ou prevenir?

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Mariana Anunciação
A taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil, entre os anos de 2011 e 2022 (Foto: Luciano Muta)

Já sabemos que o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é 10 de setembro. Apesar da conscientização ser anual, o Setembro Amarelo é a maior campanha anti estigma do mundo, visto que o suicídio é considerado uma tragédia, que atinge a todos e gera inúmeros prejuízos. No Brasil, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), os registros se aproximam de 14 mil casos ao ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia. 

De acordo com a última pesquisa realizada pela OMS, em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, portanto, estima-se mais de um milhão de casos. Mas por que esse anti estigma? Trata-se de uma espécie de barreira que impede as pessoas de procurarem assistência médica. 

Embora os números estejam diminuindo no mundo, os países das Américas estão na contramão, com índices que não param de subir, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente.

Tratamento

Dessa forma, os especialistas acreditam que a maioria dos casos poderia ter sido evitado se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade. Para a OMS, todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama ou guerras e homicídios. 

Outro agravante é que a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil, entre os anos de 2011 e 2022. Já as notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 aumentaram 29% a cada ano, no mesmo período. O número foi maior que na população em geral, cuja taxa de suicídio teve crescimento médio de 3,7% ao ano e a de autolesão 21% ao ano, no mesmo intervalo. Trata-se de um estudo publicado na The Lancet Regional Health – Americas, desenvolvido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de Harvard.  

Atuando nesta área há mais de dez anos, a psicóloga Soraya Cristine Vale de Lima, explicou que é um fenômeno complexo e que afeta pessoas de diferentes classes sociais, idade, sexo e cultura. "Não existe uma única causa, são fatores multideterminados que afetam a saúde mental de uma pessoa a ponto de pensar em tirar sua própria vida. Campanhas de prevenção são importantes para esclarecer e conscientizar que cuidar da saúde mental é tão importante quanto fazer checkup fisico", 


A especialista destacou a importância dos estigmas, conscientização e cautela, pois muitas pessoas estão sofrendo em silêncio. "A ideia da campanha sempre deve ser direcionada em esclarecer que saúde mental não é fraqueza e nem frescura, que ninguém escolhe ter depressão ou ansiedade, mas que existem alternativas de ajuda profissional. Que existe tratamento, como qualquer outra doença crônica. Busque ajuda de psicólogo e/ou psiquiatra, é a forma mais indicada de tratar sofrimento mental", concluiu a psicóloga Soraya.
 

Ajuda

Além das Clínicas-Esccola das Instituições Educacionais, como UCDB, Uniderp, Unigran, UFMS, UEMS, confira outros atendimentos gratuitos na Capital:

– Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – veja a relação das unidades

– Centro de Valorização da Vida (CVV) – atendimento gratuito pelo telefone 188.

– Grupo Amor Vida (GAV) – oferece apoio de forma gratuita.
 

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