Semeadura de espécies nativas tenta reduzir erosões no Pantanal de MS
Técnica busca acelerar o retorno da vegetação típica na região das nascentes, consideradas áreas sensíveis

O Projeto Caminhos das nascentes deu início nesta semana à primeira fase de sua maior ação de campo: o plantio de 40 hectares no Núcleo São Thomaz, dentro do Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari, entre os municípios de Costa Rica e Alcinópolis (MS). Esta etapa marca o começo da restauração de uma área que se aproxima de 378 hectares, a ser recuperada ao longo dos próximos anos para fortalecer a saúde da bacia do Rio Taquari e gerar benefícios diretos ao Pantanal.
A semeadura é realizada pelo Instituto Taquari Vivo (ITV), em parceria com a empresa Restaura, utilizando mais de 4 toneladas de sementes reunidas pela Rede Flor do Cerrado. A técnica busca acelerar o retorno da vegetação típica na região das nascentes, considerada uma das áreas mais sensíveis do planalto sul-mato-grossense e estratégica para reduzir processos erosivos que afetam diretamente o Pantanal.
Logo no primeiro dia da etapa de campo, a equipe deu início ao processo de trabalho, que começou com a seleção das espécies nativas utilizadas na semeadura. Entre elas, estão espécies típicas do Cerrado como jatobá, mutambo, mogno-bravo, sucupira, baru, faveira, além de diversas gramíneas e leguminosas essenciais para a recomposição do solo. Em seguida, foi realizada a tradicional muvuca de sementes, técnica que mistura diferentes espécies para garantir diversidade, resiliência e maior cobertura vegetal no início da restauração. Após o preparo da mistura, a equipe iniciou o plantio manual, linha por linha, cobrindo toda a área prevista para esta fase inicial.
O mutirão reúne diversas instituições, como SOS Pantanal, Semadesc, Imasul, Semdema, UFMS, Prefeituras de Costa Rica e Alcinópolis, além da comunidade do Parque, onde a semeadura acontece. Segundo o Instituto Taquari Vivo, a área foi escolhida por apresentar um alto grau de degradação e diferentes níveis de declividade, característica que torna o processo de erosão e transporte de sedimentos mais intenso.
“Escolhemos esse local pelo seu grau de degradação. Há áreas planas e outras muito inclinadas, onde o assoreamento avançou bastante ao longo dos anos. Restaurar aqui significa atuar na raiz do problema. Trabalhamos primeiro na recomposição do solo, para que ele volte a reter água e não fique tão exposto. Assim, reduzimos a quantidade de sedimentos que descem para o rio”, explica Letícia Reis, coordenadora do projeto.
O Instituto reforça que processos erosivos acontecem naturalmente, mas podem acelerar com ação humana, sobretudo onde o solo fica descoberto ou compactado. Nessas condições, a água da chuva desce com muito mais velocidade, levando grande volume de sedimentos do planalto para o pantanal.
“A restauração não reverte aquilo que já aconteceu, mas diminui os impactos e impede que o problema piore. Quando recuperamos o solo, devolvemos cobertura vegetal e aplicamos técnicas de conservação, reduzimos a velocidade da água e seguramos o sedimento lá em cima. Isso faz diferença direta no bioma”, finaliza.
A ação é possível devido a projeto Floresta Viva, gerida pelo Funbio e patrocinado pela Petrobras, BNDES e KfW.
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