Sem manejo adequado, Lagoa Maior corre risco de um desastre ecológico
Falta de manejo eficiente e mudanças climáticas são apontadas como principais causas do baixo nível da água
A Lagoa Maior, em Três Lagoas, enfrenta uma das secas mais severas dos últimos anos, trazendo à tona a urgência de um manejo mais eficiente e consciente. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio (SEMEA). A lagoa está 20 cm abaixo do seu nível normal, sendo que a profundidade máxima do lago é de 1,60 metros em período de maior nível. Esse nível atual, segundo a prefeitura, não é fora do comum, pois já foi registrado em outros anos.
No entanto, o técnico ambiental Manoel Pimenta, que estuda o ecossistema da lagoa há anos, alerta que a crise vai muito além da falta de chuvas. Pimenta enfatiza que a má gestão da água é a principal razão para a seca. Ele explicou que as intervenções nas lagoas de contenção próximas estão bloqueando o fluxo natural de água para a Lagoa Maior. “Quando eu fecho um barranco em volta da Segunda Lagoa, reduzo a lagoa em uma lagoinha minúscula. Eu não extravaso a lagoa, não a deixo estourar para fora”, comentou. O técnico também alertou sobre o risco de contaminação futura da água, caso o manejo atual continue.
A secretaria, por sua vez, afirma adotar medidas, como o acionamento de bombas para transferir água da segunda para a terceira lagoa, a fim de elevar o nível da água. Contudo, Pimenta discorda: “A parte mais rasa não tem nem 5 centímetros de profundidade. Estamos correndo o risco de um desastre ecológico aqui”, alerta.
Além da seca, outro problema identificado é o assoreamento da Lagoa, que já obstrui sua profundidade em até 2 metros em alguns pontos. Segundo Pimenta, seria necessário remover o excesso de terra acumulada. “Se não tomarmos medidas agora, poderemos enfrentar um distúrbio ecológico”, alertou o técnico.
Apesar das estratégias da prefeitura, a falta de um plano de manejo adequado para as lagoas continua sendo uma preocupação. A revogação de um decreto que estabelece as lagoas como unidades de conservação em 2022 também contribuiu para a crise atual, segundo o ambientalista. A prefeitura, por sua vez, diz que o próprio Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) nunca reconheceu as lagoas como unidades de conservação, pois entendeu-se que não haviam elementos para tal caracterização.
A situação, segundo Pimenta, afeta também a fauna local. Ele destaca que a superpopulação de capivaras e paturis, sem alimento suficiente, está afetando o equilíbrio do ecossistema. A falta de alimentos leva os animais a procurar comida nas ruas. Pimenta sugere realocar as capivaras para outras áreas. A Secretaria do Meio Ambiente ressalta que há um cuidado e monitoramento realizado pela própria pasta no manejo dos animais, em especial das capivaras, quando há um excesso de população, além de cuidados da parte ambiental no entorno das três lagoas.
Para Manoel Pimenta, o futuro da Lagoa Maior depende de ações imediatas e de longo prazo para preservar esse patrimônio natural, evitando que ele se torne uma vítima irreversível das mudanças climáticas e da má gestão.
(Com informações JP News)
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