Rodovia de MS registra a 20ª morte de onça-pintada
Espécie tem uma importância fundamental para a biodiversidade do Pantanal e do Brasil


Uma onça-pintada jovem, fêmea, foi encontrada morta, com sinais de atropelamento, na BR-262, em trecho que fica próximo ao Buraco das Piranhas. A onça-pintada é o Símbolo Brasileiro da Conservação da Biodiversidade. A Polícia Militar Ambiental fez atendimento do caso e recolheu o animal para Corumbá (MS). A rodovia, em seu curso entre Corumbá e Miranda, já registrou a morte de 20 onças-pintadas, com esse caso identificado no dia 19 de janeiro de 2025, pela manhã. O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) vem realizando o levantamento dos casos de atropelamento envolvendo a espécie no período entre 2016 e este ano.
O último período mais crítico para a espécie em termos de atropelamento na BR-262 foi registrado em 2023. Naquele ano, foram três mortes por atropelamento entre janeiro e abril. Uma das mortes também ocorreu próximo ao Buraco das Piranhas. Uma relação que se assemelha neste ano com os casos de 2023 é que o Pantanal, no primeiro semestre, estava registrando aumento dos níveis de inundação. Uma das possíveis evidências é que com áreas alagadas, os animais acabam utilizando-se mais da rodovia para transitar entre as regiões. A BR-262, no trecho do Pantanal, foi construído a partir de aterros.
Na lista vermelha da União Nacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), a onça-pintada está ameaçada. Pelo Salve, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a espécie está classificada como vulnerável. Além disso, a espécie tem uma importância fundamental para a biodiversidade do Pantanal e do Brasil e está em curso o segundo ciclo do Plano de Ação Nacional dos Grandes Felinos, do Centro de Pesquisa, Manejo e Conservação de espécies de mamíferos carnívoros (Cenap), vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Desde que os atropelamentos de onças-pintadas, além de outros animais, mostraram-se uma situação grave na BR-262, há diferentes esforços para tentar mitigar a situação. O IHP vem conduzindo um estudo, desde 2023, sobre a utilização das pontes de vazante na rodovia como passagem de animais no período de estiagem. Para que essa medida possa ver mais viável, é feita a limpeza da vegetação, o que permite uma passagem facilitada aos animais. Já foram identificadas 50 espécies de animais usando as pontes de vazante limpas. Contudo, essa medida tem mais efetividade quando há o período de estiagem.

Houve também um trabalho envolvendo caminhoneiros que trafegam na via e foram feitas ações de educação ambiental e demonstração dos impactos que a biodiversidade pode ter com esses casos de atropelamento da fauna.
Além disso, o Instituto some esforços com outras instituições a partir do Observatório Rodovias Seguras para Todos. Essa iniciativa coletiva foi fundada em setembro de 2024 por seis Organizações Não Governamentais dedicadas à conservação da biodiversidade no Mato Grosso do Sul. Além do IPÊ também fazem parte do Observatório: ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres, Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Instituto Libio, Onçafari e SOS Pantanal. O objetivo é realizar a moderação social sobre as colisões veiculares com fauna em Mato Grosso do Sul.
Já existe aprovado um Plano de Migitação de Atropelamento de Fauna, o que ocorreu em novembro de 2024. Ele inclui ações como cercamento de trechos, passagens de fauna e radares. Porém, ainda não há previsão para o início dessas obras.
Mais dados - O Projeto Bandeiras e Rodovias monitora colisões veiculares com fauna silvestre na BR-262, de Campo Grande até a Ponte do Rio Paraguai (município de Corumbá), com o objetivo de identificar áreas críticas e espécies mais afetadas.
Esses são os dados já identificados:
- De maio de 2023 a abril de 2024, foram encontrados 2300 animais vítimas de batidas, no trecho de Campo Grande até a ponte do Rio Paraguai, cerca de 350 km de estrada, abrangendo os biomas Cerrado e Pantanal, segundo o ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres).
- Espécies mais atingidas: Tatus, anfíbios, jacarés e cachorros-do-mato foram as espécies mais frequentemente encontradas mortas.
- Monitoramento contínuo: O estudo, com duração de um ano (até abril de 2024), incluiu inspeções quinzenais para avaliar sazonalidade e impacto.
- Medidas de mitigação: Trechos com cercamento e passagens seguras, como pontes, já foram implementados, mas a eficácia precisa ser ampliada.
- Iniciativa de suporte: Em 2021, foi lançado o “Manual de Orientações Técnicas para Mitigação de Colisões Veiculares com Fauna Silvestre”, fruto de uma parceria entre ICAS e outras entidades.
(Fonte: Instituto Homem Pantaneiro)
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