Retrospectiva 2024: Fogo devorou 1,9 milhão de hectares no Pantanal
Com 29,7 milhões de hectares destruídos no País, estiagem e uso inadequado do fogo marcaram o ano
O Pantanal enfrentou em 2024 mais um ano devastador devido aos incêndios florestais, que consumiram 1.902.886 hectares do bioma, segundo dados do MapBiomas. Esse foi o maior registro de área queimada em todo o Brasil, com um total de 29.768.019 hectares destruídos. A estiagem extrema e a falta de controle sobre o uso do fogo agravaram a situação, gerando impactos ambientais, sociais e econômicos de grande escala.
Estado de emergência e medidas de combate - Diante do cenário alarmante, o Governo de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência em junho, garantindo maior agilidade na liberação de recursos e na organização das ações de combate ao fogo. O decreto permitiu que todos os municípios impactados pudessem acessar o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) para receber apoio da União.
As operações envolveram um esforço coordenado entre Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, ONGs, e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), utilizando tecnologias avançadas, como drones e imagens de satélite, para monitorar e combater os focos. As 12 bases avançadas do Corpo de Bombeiros no Pantanal, instaladas no início do ano, desempenharam um papel crucial na resposta rápida durante a temporada mais crítica.
Incêndio histórico em Corumbá e multas bilionárias - Em setembro, proprietários de uma fazenda em Corumbá receberam multas que somaram R$100 milhões aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O incêndio iniciado na propriedade consumiu 333 mil hectares, sendo o maior já registrado em uma única área no Pantanal, afetando 135 imóveis rurais.
Além de danos severos à vegetação nativa e à fauna, o fogo gerou grande emissão de gases de efeito estufa e problemas respiratórios na população local. A área foi embargada para permitir sua regeneração, e as autoridades continuam investigando as responsabilidades do caso.
Planejamento para 2025 - Com a redução dos focos de incêndio no último trimestre, as ações de combate deram lugar ao planejamento estratégico para o próximo ano. Equipamentos utilizados em 2024 estão sendo recolhidos para manutenção e preparação. As bases avançadas instaladas no Pantanal continuarão operando, com parte delas mantidas de forma permanente para prevenir novos desastres.
"A Operação Pantanal não é só combate, mas também prevenção e estruturação para uma resposta eficiente em qualquer momento", destacou a tenente-coronel Tatiane Inoue, do Corpo de Bombeiros.
Impactos e desafios futuros - O Pantanal, que já enfrentava a pior estiagem dos últimos 70 anos, sofreu impactos profundos nas áreas ambiental, econômica e social. Perdas na agropecuária, aumento da mortalidade da fauna e degradação do solo são alguns dos prejuízos que reforçam a necessidade de uma política integrada e de longo prazo para o bioma.
Em 2025, o desafio será equilibrar ações preventivas, fiscalizações rigorosas e o combate direto aos incêndios, garantindo a preservação desse patrimônio natural e a sustentabilidade das comunidades que dependem dele.
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