Projeto penitenciário promove resgate cultural de indígenas encarcerados
"Tembiaporã: Che Añekambia", carrega consigo a ideia de transformação, sabedoria, cooperação e otimismo.


Mato Grosso do Sul detêm a maior taxa de encarceramento de indígenas do Brasil. Dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), apontaram um total de 1.226 pessoas indígenas presas no país. Nesta, o Estado de MS custodiava 401 pessoas indígenas, representando praticamente um terço da população indígena carcerária.
Na busca por promover a reconexão com as raízes e fomentar oportunidades de reinserção social, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) vem desenvolvendo na Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí o projeto "Tembiaporã: Che Añekambia". A ideia, pioneira no Brasil visa atender internos indígenas, oferecendo ações que fortaleçam o vínculo com a família, profissionalize e valorize a cultura indígena.

Coordenada pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio da Divisão de Promoção Social, a iniciativa tem amparo da Prefeitura de Naviraí e de outras entidades locais, englobando uma ampla gama de atividades, como encontros familiares, presenciais e virtuais, até a providência de documentação pessoal e ações de conscientização sobre saúde e higiene.
"O objetivo é criar um ambiente propício para o desenvolvimento pessoal e social dos participantes", informa o responsável pelo Setor Psicossocial da unidade prisional e um dos autores do projeto, policial penal Evandro Charão Machado.
Dentre os destaques está a ênfase na valorização da cultura indígena, incluindo a produção de artesanato tradicional e o ensino da língua materna Guarani Kaiowá.
Com aulas semanais ministradas por uma equipe multidisciplinar, composta por um professor indígena, um assistente social e um acadêmico de Ciências Sociais da UFMS, visa resgatar a identidade cultural dos internos e prepará-los para uma reintegração mais efetiva na sociedade. A ação está associada ao "Projeto Educação Indígena Apoio Intersetorial", desenvolvido pela Gerência Municipal de Educação (Gemed).
Para o diretor da Penitenciária de Naviraí, policial penal Jonas dos Santos Ferreira, o projeto representa um passo crucial na construção de um ambiente prisional mais inclusivo, preservando a identidade indígena dos internos.
"Muitos dos participantes estão há anos afastados de suas comunidades e enfrentam dificuldades para manter sua cultura e língua materna enquanto cumprem suas penas", ressalta o dirigente.
A proposta, conforme o policial penal, é que o projeto não apenas ofereça esperança e oportunidades para os indígenas encarcerados, mas também viabilize a importância de abordagens inovadoras para a ressocialização e valorização da diversidade cultural no sistema prisional do Estado.
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