Projeto Olubayo leva a 'maior alegria' do cinema à Comunidade Quilombola
Com entrada gratuita e classificação livre, a sessão será realizada na associação da comunidade


O cinema, mais do que uma tela iluminada, é um espelho. Um reflexo de histórias que precisam ser contadas e reconhecidas. No próximo sábado, 5 de Abril, às 19h, a Comunidade Quilombola São João Batista, no bairro Santa Branca, em Campo Grande (MS), será palco de mais uma exibição do Projeto Olubayo. Com entrada gratuita e classificação livre, a sessão acontece na associação da comunidade, localizada na Rua Barão de Limeira, nº 1580, região sul de Campo Grande.
A iniciativa, que já passou por sete comunidades negras de Mato Grosso do Sul, chega ao seu oitavo território quilombola com o mesmo propósito: democratizar o acesso ao cinema e promover reflexões sobre cultura, resistência e ancestralidade.
O nome do projeto não poderia ser mais simbólico. "Olubayo" é uma palavra Iorubá que significa "maior alegria", como explica a Professora Bartô, idealizadora do projeto.

“E é exatamente isso que o projeto representa: a alegria de estar nas comunidades, levando arte, promovendo o acesso ao cinema e, ao final de tudo, abrindo espaço para a reflexão sobre a história e a cultura do povo negro. O cinema é uma ferramenta potente na luta contra o racismo e na valorização das nossas raízes e de uma sociedade mais justa”.
Com financiamento da Lei Paulo Gustavo (LPG), o projeto integra as comemorações pelos 40 anos do Grupo TEZ (Trabalho Estudos Zumbi), coletivo que há quatro décadas atua no fortalecimento da cultura afro-brasileira.
Para quem já recebeu o Olubayo, a importância de ver protagonistas negros na tela é imensurável. Nilson Jerônimo da Silva, presidente da Comunidade Quilombola Rural dos Pretos, em Terenos, que no último fim de semana, no dia 29 de março, viu os moradores chegarem à sede da associação abertos ao projeto e aprovou a iniciativa.
"Quando vemos pessoas como nós protagonizando suas próprias histórias, nos enxergamos na tela com toda a nossa força e trajetória. Filmes como 'Luzes De Baixo' nos fazem pensar sobre o racismo. Minha netinha, por exemplo, com apenas 5 anos, já passou por uma situação de preconceito na escola. Felizmente, a escola soube agir, mas ter projetos como o Olubayo é essencial, porque fortalece os laços entre os moradores e nos dá mais ferramentas para nos defendermos e combatermos o racismo".
O repertório das exibições reforça esse compromisso, trazendo filmes que dialogam diretamente com as vivências das comunidades negras. Entre as cinco obras estão: Fábula da Vó Ita, de Joyce Prado; Bonita, de Mariana França; Luzes Debaixo, de Tero Queiroz; Águas, de Raylson Chaves e Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha, de Daphyne Schiffer.
Até o momento, o Olubayo já reuniu mais de 400 pessoas em sessões realizadas em sete comunidades quilombolas, e a jornada continua. O projeto encerra sua itinerância no dia 12 de abril, na Associação da Comunidade Negra Quilombola Urbana Eva Maria de Jesus – Tia Eva, em Campo Grande.
Com investimentos do Ministério da Cultura (MinC), do Governo Federal, com apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Setesc e do Governo do Estado, o projeto reafirma o papel da arte como instrumento de fortalecimento cultural e social. Para acompanhar o projeto, siga o Instagram (@olubayo_cinemanegro).
Serviço:
Projeto Olubayo - sessão de cinema na Comunidade São João Batista
Data: sábado (5 de abril)
Horário: às 19h
Local: Associação da Comunidade São João Batista
Endereço: Rua Barão de Limeira, nº 1580, Santa Branca – Campo Grande
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