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Profissionais da enfermagem cobram piso salarial e criticam: "Lei Frankenstein"

Enfermeiros, técnicos e auxiliares não viram "nem a cor" dos repasses do Governo para piso salarial

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Victória Bissaco e Juliana Brum
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Profissionais manifestam contra serem os "vilões da economia" - (Foto: Luciano Muta)

Profissionais da enfermagem paralisam as atividades nesta quinta-feira, 29 de julho, e se reúnem na Praça do Rádio Clube, em Campo Grande (MS), para cobrar a efetivação do Piso Salarial da categoria. A categoria deve ficar no local até as 17h e tenta mobilizar a população para apoiar a causa. Lei “Frankenstein” e desvalorização salarial estão entre as falas dos profissionais protestantes de hoje. 

Uma das cobranças da categoria é quanto à agilidade do cumprimento do Piso Salarial. Em maio deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou lei que viabilizou o pagamento do piso nacional da enfermagem com abertura de crédito especial de R$7,3 bilhões. Esses recursos devem ser repassados aos municípios. No entanto, até o momento, a Enfermagem não viu “nem a cor do dinheiro”.

Categoria quer cumprimento do piso salarial - (Foto: Luciano Muta)

Atualmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) julga para a liberação do Piso. Os ministros têm até sexta-feira (30) para votar e encerrar o julgamento. Os ministros analisam, no Plenário Virtual, decisão do relator do processo, ministro Luís Roberto Barroso, que em maio, estabeleceu regras para o pagamento dos profissionais nas redes estaduais, municipais e federal. Agora, os demais integrantes da Suprema Corte julgam se referendam a decisão do relator.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul (SintssMS), Ricardo Bueno as alterações atrapalham a categoria. “O STF está legislando, tentando mudar algumas coisas que foram decididas quando foi criada a lei. Então, cada hora vem um voto diferente, estão meio que transformando a lei em um Frankenstein. Um voto diz que o piso é no base, outro que o piso é remuneração. A categoria não concorda e quer, principalmente, que se respeite a lei e aplique o piso, afirmou. 

Vice-presidente do SintssMS, Ricardo Bueno - (Foto: Luciano Muta)

Uma das presentes na paralisação da categoria é a técnica de enfermagem Maristela Moreira. A profissional reforça os cuidados intensivos da enfermagem com os pacientes. “A importância da enfermagem é de forma geral na vida da população, desde o nascimento até a morte. A hora que o paciente está no hospital, quem está do lado dele é a enfermagem. Os médicos fazem visitas uma vez ao dia, prescreve a medicação, mas quem administra, quem cuida, quem dá banho é a enfermagem

A técnica relembrou o período de pandemia, quando ficou meses sem ver a mãe, idosa. “Sabe o que é ter contato só por telefone? Por medo de expor ela?”, questiona. Nesse período, prestava serviços à Santa Casa de Campo Grande e ao Hospital Regional. Para Maristela, o salário da categoria é desproporcional. "As vezes o paciente agradece só o médico e esquece que estamos ali do lado. Nosso salário não condiz com a realidade: trabalhamos muito, nos expomos a agentes biológicos, a doenças, como foi o caso da Covid-19", afirma. 

Técnica em enfermagem, Maristela Moreira relembra período crítico da pandemia - (Foto: Luciano Muta)

A nível nacional, a Lei 14.434/2022 define o piso salarial dos enfermeiros em R$ 4.750; dos técnicos em 70% desse valor, isto é, R$ 3.325; e dos auxiliares de enfermagem e as parteiras, 50% do salário dos enfermeiros, R$ 2.375. O Siems reforça que luta pela aplicação do piso aos profissionais da área.

O presidente do SintssMS, Ricardo Bueno pede à população que apoie a causa. “Não dá para gente, durante a pandemia, ser chamado de herói, estar em todos os canais de televisão, rádio, todo mundo batendo nas nossas costas, e hoje, simplesmente, parecer que somos os vilões da economia, que vamos quebrar Mato Grosso do Sul ou o Brasil", declarou. 

Enfermagem pede apoio da população - (Foto: Luciano Muta)

Além do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul, estão presentes representantes do Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS).

Presidente do SIEMS, Lázaro Santana discursou para os presentes - (Foto: Luciano Muta)

Julgamento - O ministro Barroso entendeu que estados e municípios devem pagar o piso nacional da enfermagem nos limites dos valores que receberem do governo federal. Segundo os estados, o impacto nas contas locais é de R$ 10,5 bilhões e não há recursos para suplementar o pagamento.

Até o momento, seis ministros já votaram. Barroso e Gilmar Mendes se manifestaram para manter as condições da decisão que liberou o piso. Dias Toffoli e Alexandre de Moraes apresentaram divergência em relação ao pagamento para profissionais celetistas. Já Edson Fachin e Rosa Weber votaram pelo pagamento em todos os contratos públicos e privados.

Profissionais se reúnem e pedem cumprimento do piso - (Foto: Luciano Muta)

No ano passado, o pagamento do piso foi suspenso pelo STF devido à falta de previsão de recursos para garantir o pagamento dos profissionais, mas foi liberado após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrir crédito especial para o repasse de R$ 7,3 bilhões para estados e municípios pagarem o piso.

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