Primeiro dia de júri tem relatos fortes de crueldade à Sophia
Mãe e padrasto da criança são réus pela morte da menina devem ter sentença definida nesta quinta-feira


O primeiro dia de julgamento dos réus pela morte da menina Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, teve relatos fortíssimos por parte da acusação e defesa. O crime é atribuído à Stephanie de Jesus da Silva (26) e Christian Campoçano Leitheim (27), mãe e padrasto da criança. Os dois são julgados no Fórum de Campo Grande (MS) nesta quarta-feira, 4 de Dezembro, em audiência que segue pela noite. A sentença deverá ser proferida nesta quinta-feira, dia 5, segundo dia de julgamento.
A defesa do casal alega inocência, segundo os advogados Christian passou o dia 26 de janeiro de 2023 dormindo. Stephanie, segundo a defesa, estava presa em ciclo de violência, sendo vítima de Síndrome de Estocolmo, sendo manipulada pelo companheiro. A mulher chorou no plenário várias vezes durante o julgamento. Já Christian não esboçava reações.
Entre as provas as apresentadas pela acusação e que mais comoveram os presentes está um áudio enviado por Christian a Stephanie, no qual ele instruiu a mãe a torturar a menina. "Dá uns tapão nela e você vira a cara dela pro colchão e fica segurando porque aí ela para de chorar. É sério. Parece até tortura, mas não é, tá? Porque aí ela vê que ela não vai ter ar suficiente pra chorar e ela para de chorar (SIC)."
Neste primeiro dia, prestaram depoimento duas testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS); cinco testemunhas de defesa de Stephanie, investigador de polícia, médica e médico legista. Também foram ouvidas as oitivas de cinco testemunhas de defesa de Christian Campoçano Leitheim. O depoimento dos réus é esperado para este noite, já que o julgamento não tem data para terminar.

Também chamou atenção o depoimento do psicólogo clínico e forense Felipe de Martino Gomes, responsável pelo laudo apontando que a mãe da menina Sophia, morta aos 2 anos e 7 meses, tinha sintomas da Síndrome de Estocolmo, além de Transtorno de Estresse Pós-Traumático. “As atitudes dela [Stephanie] de deixar ser abusada, por exemplo, são características do Estocolmo, porque a característica é se colocar em segundo lugar”, explicou o profissional.
A movimentação foi intensa durante todo o dia no Fórum da Caipital. O plenário do júri esteve lotado. Houve protestos. Estudantes de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) acompanharam o julgamento.
No segundo dia de julgamento serão realizados os debates de acusação e defesa, seguidos pela votação dos quesitos e sentença final do caso.
Morte brutal- Segundo o laudo médico, a menina Sophia de Jesus Ocampo morreu em decorrência de um traumatismo raquimedular, isto é, lesão na coluna vertebral. O laudo também constatou que ela havia sido estuprada, porém, "não recente". A pequena morreu entre 9h e 10h do dia 26 de janeiro de 2023, mas só foi levada ao hospital às 17h.
Na unidade de saúde, a mãe não teria esboçado surpresa ou remorso quando soube da morte da filha, segundo descreve o registro policial. A Polícia Civil afirma que as investigações apontam que o padrasto teria orientado a genitora a dizer que a criança “caiu do playground[parquinho]”.
Durante as investigações, o que chamou atenção da Polícia Civil é que a menina havia sido atendida mais de 30 vezes na unidade de pronto atendimento. Inclusive, em uma delas, a criança estava com a perna quebrada. Com a apuração, foi constatado que a pequena teve a perna quebrada com um chute do padrasto, Christian.
O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado, analisou as mensagens trocadas entre Christian Campoçano Leitheim e Stephanie de Jesus da Silva e constatou que os réus torturavam. Foi feita quebra de sigilo telefônico no celular de Christian.
(Com informações da TVMS Record)
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