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Pedalada para cegos é emoção no asfalto da Capital

Com auxílio de voluntários, pessoas com deficiência visual viveram a experiência de passeio ciclístico

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Valdelice Bonifácio
Deficientes visuais pedalaram junto com ciclistas voluntários (Foto: Luiz Alberto)

 Valdir Lustosa, de 49 anos, perdeu a visão aos 23 anos após um derrame. Sua história de superação ganhou mais um capítulo neste sábado, 25 de Março, com algo inédito para ele. Pela primeira vez desde que ficou cego, andou de bicicleta ao participar de um passeio ciclístico para pessoas com deficiência visual, em Campo Grande (MS).

"É a primeira vez que pedalo depois de cego. Foi muito bom e que venham mais outras vezes", enalteceu Valdir após a atividade. Mesmo sem poder enxergar, ele está sempre em busca de sentir algo novo. Gosta de aventuras e adrenalina, tanto que já até saltou de paraquedas.

(Foto: Luiz Alberto)

O passeio ciclístico foi uma realização do Instituto Sul-Mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas (Ismac) e da Associação dos Deficientes Visuais de Mato Grosso do Sul. Os cegos pedalaram nas bicicletas conjugadas -- as chamadas tandem em que uma pessoa que enxerga vai à frente e atrás a pessoa cega ou de baixa visão.

A atividade começou às 8h. Um ônibus levou os participantes da sede do Ismac, no Centro da Capital, até o Parque dos Poderes. A pedalada foi realizada da rotatória do final da Avenida Mato Grosso até o Parque, e o retorno. As oito bicicletas tandem foram adquiridas pelo Ismac. A ação terminou por volta das 11h.

(Foto: Luiz Alberto)

Voluntários das entidades e grupos de ciclismo pedalaram na frente para que os cegos pudessem viver a experiência do passeio ciclístico. Integrante do grupo de bike “No Stress”, André Oliveira foi um dos voluntários à frente da bicicleta na condução. 

“É a segunda vez que abraçamos o convite do Ismac de fazer o passeio, nós orientamos, passamos as instruções, o comando de voz para quando vamos parar, mudar de direção, aumentar ou diminuir a velocidade”, explica André.

(Foto: Luiz Alberto)

O jovem Gabriel Ferreira Rodrigues, de 15 anos, também elogiou a experiência. O adolescente ficou cego aos 9 anos de idade. "Eu nasci com catarata, fui tratar e veio o glaucoma que me deixou cedo", relembra. Após a pedalada, ele era só alegria e satisfação. "Foi incrível sentir o vento, a velocidade da bicicleta, ouvir o barulho do pneu no asfalto", detalha.

A atividade rende lembranças ternas para o resto da vida, segundo compartilha o ciclista André, do grupo “No Stress”: “É aquela sensação gostosa, uma senhora falou que fazia muitos anos que não andava de bicicleta. Ela abriu os braços, soltou o guidão. Tem outros que aprenderam a andar de bike na infância ou na adolescência, mas foram perdendo a visão e nunca mais andaram.”

Serviço - O Ismac, na Rua 25 de Dezembro, 262, Centro de Campo Grande (MS).  O telefone é  (67) 3325-0997.

(Com informações da assessoria de imprensa da Setescc)

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