Padaria de presídio promove ressocialização e solidariedade em MS
“Esse mecanismo garante que o preso cumpra sua pena de forma adequada," destaca o juiz Albino Coimbra Neto


A Padaria da Liberdade, instalada no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira – unidade masculina de regime semiaberto da capital –, está prestes a atingir a expressiva marca de 1 milhão de pães doados a instituições beneficentes de Campo Grande.
Com produção diária de milhares de pães, o feito será alcançado em maio deste ano, após quase quatro anos de funcionamento, unindo trabalho prisional, ressocialização e solidariedade em benefício da sociedade.
A padaria é um exemplo de como o trabalho prisional, fomentado pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), pode transformar vidas e gerar impacto positivo na sociedade.
Criado em 2021 por iniciativa do juiz Albino Coimbra Neto, da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, o projeto é autossustentável e teve financiamento inicial com recursos provenientes de um desconto de 10% nos salários dos presos que trabalham por meio de convênios.
“Esse mecanismo garante que o preso cumpra sua pena de forma adequada. Ele exerce uma atividade produtiva, e com isso gera benefícios concretos à sociedade”, destaca o juiz Albino Coimbra Neto.
Hoje, sete reeducandos atuam na produção da padaria, e são remunerados com um salário mínimo, como prevê o modelo de parceria com empresas que utilizam mão de obra prisional. Todos os internos passam por capacitação profissional, com cursos de panificação, confeitaria e manipulação de alimentos, oferecidos por meio de parceria com o Senac. Ao final, recebem certificação válida para ingresso no mercado de trabalho.
Produção, doação e transformação social
Em funcionamento há quatro anos, a Padaria da Liberdade fabrica atualmente cerca de 5 mil pães por dia, número que será ampliado para até 7 mil com a recente expansão da estrutura e do maquinário. Parte dessa produção é vendida para empresas terceirizadas responsáveis pela alimentação em três unidades prisionais da capital. A outra parte é doada a instituições que atendem populações em situação de vulnerabilidade.
Desde junho de 2021, já foram doadas 32 toneladas de pães a 112 instituições por meio do programa Mesa Brasil, coordenado pelo Sesc/Senac. Apenas no mês de março de 2025, foram entregues 21.200 pães, o equivalente a uma tonelada de alimentos, alcançando mais de 29 mil pessoas em 61 entidades cadastradas, como o Hospital Nosso Lar, Pestalozzi, Hospital São Julião e abrigos de crianças e adolescentes.

Resultados que falam por si
Os números são expressivos: até 28 de fevereiro de 2025, a produção total da padaria alcançou 2.557.997 pães. Desses, 894.337 foram doados e 1.464.784 vendidos, refletindo a eficiência do modelo de autossustentação que, além de gerar receita, cumpre um papel social fundamental.
A manutenção da estrutura é viabilizada pela Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que garante a legalidade na comercialização dos produtos e a aquisição de insumos como trigo, açúcar e produtos de limpeza.
Além da padaria, a unidade prisional do semiaberto da Gameleira mantém uma horta que também destina sua produção a instituições sociais, reforçando o compromisso da unidade com ações que contribuem para a dignidade humana e a redução da reincidência criminal.
Para o diretor do presídio, Ricardo Teixeira de Brito, a Padaria da Liberdade é um exemplo de como o trabalho prisional pode transformar vidas “Com disciplina, capacitação e parceria, estamos formando profissionais, promovendo a ressocialização e alimentando quem mais precisa”, finaliza.
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