Moradores atingidos por rompimento de barragem clamam por justiça no MP
Famílias afetadas pelo desastre participaram de reunião com promotores de Justiça nesta sexta-feira
Famílias atingidas pelo rompimento da barragem de lago artificial próximo ao condomínio Nasa Park, localizado na divisa dos municípios de Jaraguari e Campo Grande (MS), participaram de reunião na Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) na Capital, na tarde desta sexta-feira, dia 23 de Agosto. Elas querem ser indenizadas pelos prejuízos materiais que tiveram após o desastre que destruiu casas, plantações e matou animais.
O rompimento da barragem ocorreu na manhã de terça-feira, dia 20. A lama escorreu por áreas próximas, invadindo as residências, e alcançou a rodovia BR-163 causando danos na estrada que passa por obras de restauração e segue interditada. O lago artificial pertence a uma empresa privada, mas era usado por moradores do loteamento de alto padrão Nasa Park. Eles pagavam taxas para praticar esportes náuticos, como moto aquática e jet ski, por exemplo, na represa.
Uma das moradoras atingidas pelo rompimento da barragem, Gabrielle do Prado Lopes lembra que a lama invadiu sua residência e não poupou nada. Ela e a família perderam tudo o que tinham dentro da casa. Além disso, plantações de milho, mandioca e horta também foram destruídas. Durante audiência desta sexta-feira, ela exibiu cartaz no qual desabafou: " (…) Não foi acidente, e sim uma tragédia anunciada há mais de 20 anos", diz a mensagem escrita na cartolina branca.
Agora, ela e as demais vítimas querem reparações materiais, morais e ambientais. "Ninguém vai reconstruir nada do dia para noite. Sentimos tristeza e revolta (...) Se o poder público tivesse fiscalizado antes não teria acontecido. O Nasa Park deveria, no mínimo, ter emitido um alerta. A gente quer justiça", clamou durante entrevista à imprensa.
O promotor de Justiça Gustavo Henrique Bertocco de Souza, da 1ª Promotoria de Justiça de Bandeirantes, informou que o Ministério Público está na fase de levantamento das perdas que as famílias tiveram para buscar as devidas reparações. O órgão está em posse de fotografias e imagens que serão usadas no inquérito que investigará a culpabilidade pelo desastre.
"Neste momento, vamos acolher as vítimas. É um contato inicial para sabermos a situação de cada um. Até o momento foram identificadas 12 famílias atingidas. Vamos estudar o que pode ser feitos para ajudar", declarou o promotor.
Presente na reunião, o coordenador do Núcleo Ambiental do MPMS, promotor Luciano Loubet, destacou que as ações para atender os vizinhos à barragem começaram imediatamente após o incidente, incluindo consultas a promotores de Minas Gerais, devido à experiência com tragédias semelhantes nas regiões de Brumadinho e Mariana.
O promotor Gustavo Henrique e outros representantes do Ministério Público visitaram o local logo após o incidente. Eles realizaram uma vistoria e elaboraram um relatório preliminar que aborda os danos ambientais, a identificação das vítimas e o levantamento dos prejuízos sofridos pelas famílias afetadas.
O MPMS orienta que todas as pessoas afetadas pelo rompimento, que ainda não foram localizadas pelos servidores do órgão, entrem em contato pelo telefone (67) 3318-2124 para serem incluídas no levantamento dos danos.
Inquérito civil foi instaurado em 2014 - O MPMS instaurou, em 2014, um inquérito civil para apurar a degradação ambiental em áreas de preservação permanente nos loteamentos Nasa Park I e Nasa Park II, situados em Jaraguari/MS. A investigação foi motivada pela ocupação irregular dessas áreas por construções, bem como pela descaracterização e danos causados ao meio ambiente.
Como parte do inquérito, o MPMS solicitou informações à empresa AeA Empreendimentos SC LTDA, ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e à Prefeitura de Jaraguari. Todos os envolvidos apresentaram as documentações exigidas, e os requeridos foram notificados a fornecer o projeto original dos loteamentos, incluindo o mapa do empreendimento e a discriminação das áreas do lago, dos lotes, das vias, das áreas não edificantes e das áreas verdes.
Após a análise das informações coletadas, com fundamento em relatório emitido pelo DAEX (Órgão Técnico do Ministério Público), foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o objetivo de solucionar os problemas que motivaram a instauração do inquérito civil, quais sejam: a utilização irregular da Área de Preservação Permanente por moradores, bem como a necessidade de contenção de processos erosivos em alguns pontos próximos à margem da represa, distantes, porém, da barragem que cedeu no dia 20 de Agosto.
(Com informações da TVMS Record e MPMS)
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