Médico legista afirma que Wesner perdeu partes dos órgãos com jato de ar
Em depoimento, médico perito do Estado declara "compressor de ar não é brinquedo, é material de trabalho"
Sentado ao banco de réus do Fórum de Campo Grande (MS), Thiago Giovanni Demarco Sena, de 26 anos, e Willian Enrique Larrea, de 36 anos, são julgados hoje, 30 de março, pela primeira vez após a morte de Wesner Moreira, com 17 anos época. Os homens são acusados de matar o adolescente com compressor de ar em lava-jato da avenida Interlagos, em Campo Grande (MS). O crime ocorreu em 2017.
A primeira testemunha a ser ouvida pelo júri popular foi o médico perito do Estado, Marco Araújo de Melo. O profissional conta que foi acionado como legista em 13 de fevereiro de 2017, um dia antes da morte de Wesner. “Me deparei com uma cena triste, um rapaz vomitando sangue. O que fizeram foi fatal, minha função era aliviar o o sofrimento da vítima”, explica.
No dia do crime, 03 de fevereiro, Thiago e William introduziram mangueira de compressor de ar no ânus do adolescente, que trabalhava no lava-jato, e acionaram a válvula. O adolescente passou mal e vomitou. Ele foi socorrido até o Centro Regional de Saúde (CRS) do Tiradentes e encaminhado à Santa Casa, onde passou por procedimentos cirúrgicos.
O menino ficou 11 dias internados antes de vir a óbito, no dia 14 do mesmo mês. No dia da morte, o médico legista conta saber que o adolescente não resistiria. “Eu avisei meu chefe que ele vim a óbito nas próximas horas. Eles causaram uma lesão”, aponta.
Segundo Marco Araújo Melo, o ar injetado na vítima ocasionou a morte. “O ar mata. O ar colocado dentro foi fatal”, pontua. Wesner foi vítima de politrauma, isto é, diversas lesões. “Esse menino sofreu muito. Perdeu partes de órgãos”, afirma.
Seis anos depois - Thiago, proprietário do antigo S/S lava-jato, e William, funcionário do local, são julgados pela primeira vez seis anos após o crime. Em depoimento, a dupla afirma que tudo não passou de “uma brincadeira”.
Nem Thiago nem Willian chegaram a ser presos pelo crime. A Polícia Civil chegou a pedir a prisão preventiva dos acusados, que foi negada pelo juiz Carlos Alberto Garcete.
Sede de justiça - Marisilva Moreira, de 50 anos, chegou cedo ao Fórum de Campo Grande (MS) nesta manhã para assistir ao julgamento. A dona de casa é mãe de Wesner. Em conversa com o Diário Digital, Marisilva explica querer a justiça que o caso merece. “Eles mataram um sonho meu. Clamo pela justiça que prometi ao meu filho”, conta.
Hoje, Marisilva, acompanhada do filho mais velho, Luciano, encarou pela primeira vez em seis anos os acusados do crime. “Quando vi eles entraram aqui no Fórum, senti sede de justiça”, afirma.
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