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Há 31 anos, professora mantém pesquisas com plantas medicinais

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Redação
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Quem nunca tomou um chazinho para melhorar de uma dor de barriga, ressaca ou para combater sintomas de resfriado? A cultura popular é guardiã das informações sobre as plantas que podem ser utilizadas para aliviar o mal estar e até mesmo curar doenças. Pensando em preservar esses conhecimentos, a professora Maria do Carmo Vieira mantém, há 31 anos, o Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Ela e Néstor Antonio Heredia Zárate, ambos professores do curso de Agronomia, iniciaram uma área de cultivo de hortaliças em 1985, época do Centro Universitário de Dourados (CEUD), ligado à UFMS. A partir de 1988, Maria do Carmo decidiu incluir nessa área o cultivo de plantas medicinais, já que tinha interesse pelo assunto.

Para começar o projeto, ela contou com o apoio da comunidade douradense. As primeiras mudas de plantas foram doadas por amigos, que também ajudaram indicando raizeiros e outras pessoas que cultivavam plantas de uso medicinal. Maria do Carmo procurava essas pessoas para pedir doações de mudas e também para coletar informações sobre a forma como cada planta é usada.

Maria do Carmo conta que começou recebendo doações de plantas exóticas (ou seja, que não são nativas da região), como calêndula, camomila, manjericão (também chamado de alfavaca). Aos poucos, a atenção foi se voltando para as plantas medicinais da região como a guavira, marmelo do cerrado, ginseng, pimenta rosa, entre outros

Conforme Maria do Carmo, em 1997 foi instituído que os cursos de Agronomia do país deveriam incluir em seu currículo a disciplina Plantas Medicinais. Como agrônoma, seu trabalho ao longo desses 31 anos vem sendo de preservar e cultivar essas plantas, observando suas características como: a época em que crescem; quando dão flores e frutos; quais são as pragas que mais acometem; em que tipo de solo, quantidade de água ou exposição ao sol em que a planta se adapta melhor; entre outras informações importantes para o cultivo.

A professora lembra que “a população tem um conhecimento empírico, tradicional, as pessoas cultivam as plantas e delas extraem partes para uso medicinal. A importância do trabalho agronômico é aprender a melhor forma de cultivar, ou ainda orientar as pessoas para colher de forma sustentável quando tratamos de espécies que crescem em áreas nativas – como é o caso da guavira”.

Redes de pesquisa - Em mais de 30 anos de trabalho com o cultivo de diferentes plantas medicinais, a professora veio consolidando ao seu redor uma rede de pesquisadores de diferentes áreas: Engenharia de Alimentos, Nutrição, Farmácia, Biologia, Agronomia, Zootecnia, Química, entre tantas outras. Isso porque, ao identificar e cultivar uma nova planta com potencial nutricional ou medicamentoso, a professora Maria do Carmo precisava buscar pessoas de outras áreas do conhecimento, que pudessem testar e comprovar o conhecimento que a sabedoria popular indicava.

"Nós começamos o horto tendo como base o conhecimento popular, ou seja, a Etnobotânica. O uso de plantas medicinais é um conhecimento milenar, então partimos da indicação das pessoas. Nossos trabalhos começam com a identificação biológica da planta, coleta e estudos de cultivo. Após isso é possível encaminhar para outros pesquisadores, que vão desenvolver os estudos da composição química e atividades biológicas, ou seja, profissionais que vão indicar se a planta realmente tem potencial medicinal, e qual é o uso correto e seguro dessa planta”, detalha Maria do Carmo.

Uma das principais características da professora é sua capacidade de articular redes de pesquisadores, tendo colaboradores em quase todas as 12 faculdades da UFGD, além de profissionais de outras universidades e institutos de pesquisa no Brasil e no exterior. “Como sou Engenheira Agrônoma, minha responsabilidade é cultivar. É essa grande rede de profissionais que vai avaliar e descobrir o potencial curativo dessas plantas”, diz Maria do Carmo com sua simplicidade característica.

Ao longo desses 31 anos de horto de plantas medicinais, a professora já captou recursos da ordem de R$ 2,5 milhões, provindos de órgãos de fomento como CNPq e FUNDECT-MS, em editais como Rede Pró-Centro-Oeste, PRONEM, PRONEX e Bolsas de Produtividade em pesquisa, iniciação científica, pós-graduação e outras. Os recursos são aplicados em pesquisas que buscam descobrir alimentos com alto teor nutritivo, plantas que podem ser usadas de forma caseira para ajudar em tratamentos médicos, e ainda fitomedicamentos que podem ser produzidos a partir dessas plantas cultivadas na UFGD.

“Boa parte dos recursos é usada para adquirir equipamentos que muitas vezes ficam nos laboratórios dos meus colegas pesquisadores. A gente tem que ter essa capacidade agregadora porque só assim, ajudando os parceiros de pesquisa, é que atingimos o objetivo de identificar alimentos com alto potencial nutricional e que previnem doenças, ou identificar o uso correto de plantas medicinais ou ainda fabricar medicamentos mais acessíveis. Assim, retornamos para a população o investimento que a sociedade faz ao aplicar recursos na universidade. Nós trabalhamos para a população”, afirma Maria do Carmo.

Além de dar aulas, Maria do Carmo orienta pesquisas de estudantes da graduação, mestrado e doutorado, coordena o Horto de Plantas Medicinais e ainda realiza palestras e minicursos práticos sobre como implantar hortas e cultivar plantas medicinais em postos de saúde, creches e outras instituições. Atualmente, o Horto de Plantas Medicinais conta com um espaço de 2 hectares, onde são cultivadas plantas medicinais e hortaliças não convencionais, que servem para pesquisas que verificam seus potenciais nutritivos e para tratamento de doenças. O horto fica na Cidade Universitária, em área da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA/UFGD). Quem tiver interesse em fazer alguma visita ou quiser pedir mudas, pode entrar em contato diretamente com a professora Maria do Carmo Vieira, no telefone institucional 3410-2426, no celular 99219-8937 ou no e-mail: mariavieira@ufgd.edu.br.

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