Dia da Mulher Indígena: luta e resistência reforçam a importância da data
"Reconhecer e apoiar as mulheres indígenas fortalece nossa sociedade como um todo", diz pesquisadora indígena da UFMS
O Dia Internacional da Mulher Indígena que foi comemorado na última terça-feira, 05 de Setembro, tem como intuito exaltar a luta e promover a visibilidade das mulheres indígenas. Em Mato Grosso do Sul, a data é fundamental para o reconhecimento e celebração da importância das mulheres indígenas em nossa sociedade, que desempenham um papel essencial na preservação de suas culturas, línguas e tradições milenares.
A data foi escolhida em memória de Bartolina Sisa, mulher Quéchua que foi morta durante a rebelião anticolonial de Túpaj Katari, no Alto Peru, região atual da Bolívia, nos anos de 1780. Para entender um pouco mais dessa data que é importância para o país, a reportagem do Diário Digital conversou com duas mulheres indígenas do Povo Terena de Mato Grosso do Sul.
A biomédica e pesquisadora indígena do Povo Terena da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Maricelma Fialho, afirma que a data é de suma importância pela oportunidade para destacar as contribuições, lutas e desafios únicos de uma mulher indígena. "A comemoração deste dia é essencial, pois, destaca a necessidade de reconhecer e valorizar a diversidade cultural e étnica das mulheres indígenas, bem como os obstáculos que enfrentam, como a discriminação e a falta de acesso a direitos básicos. Desta forma, essas pautas são extremamente importantes para o nosso Estado, pois, promovem a inclusão, a igualdade e a justiça social".
"Contudo, reconhecer e apoiar as mulheres indígenas fortalece nossa sociedade como um todo. Ser mulher indígena significa estar profundamente ligada à cultura, terra e comunidade, mas, também, enfrentar discriminação e falta de acesso a serviços básicos. Para se comunicar com elas, é essencial mostrar respeito, ouvir suas histórias, aprender com suas experiências e apoiar suas lutas por igualdade, preservação cultural e justiça social. Cada mulher indígena é única, então abordar essas conversas com sensibilidade é crucial. Por fim, gostaria de dizer a elas que são fontes inestimáveis de conhecimento, cultura e sabedoria. E, por isso, continuem a lutar pelos seus direitos e pela preservação das tradições de seus povos. Seu papel é fundamental para o enriquecimento de nossa sociedade", finalizou.
Já a coordenadora das Mulheres Terena do Mato Grosso do Sul e doutoranda em Educação/PPGE da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Évelin Hekeré, reforça que reconhecer e celebrar a contribuição da resistência das mulheres indígenas, em específico as Terenas para suas comunidades e para o mundo é importante. "Além de destacar os desafios e as lutas que enfrentam em busca de seus direitos e da preservação de suas culturas. É importante promover a conscientização sobre a diversidade cultural e a importância da igualdade de gênero dentro das comunidades indígenas e em sociedade como um todo. A nossa importância enquanto mulher indígena no nosso Estado é de suma importância, no qual, fazemos frente a um estado ruralista, contra qualquer ação de violência contra nosso bioma Pantanal".
"A pauta que também precisa ser discutida hoje é o avanço da soja nos territórios indígenas, desmatamento e o uso descontrolada de agrotóxico nessas plantações é necessário se fazer um plano de ação afirmativa para que nossas comunidades não sejam prejudicadas com essas ações. No entanto, ser mulher indígena é um imenso desafio, pois, somos mães, companheiras e guerreiras. Vivemos e lutamos na certeza de garantir a continuidade de nossas comunidades, mulheres indígenas seguimos em frente, os desafios são imensos e nós somos gigantes mediante qualquer situação", relatou Évelin.
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