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De mandalas a crochês, artesãos expressam criatividade e energia em produções sob encomenda

Mauro Mondine e Suellen Lanza abriram seus ateliês para contar história com a arte

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Suzy Jarde e Victória de Oliveira
Mauro e Suellen contam histórias com as artes - (Foto: Diário Digital)

De crochês, a estatuetas e mandalas, as mãos de artesões de Mato Grosso do Sul diariamente trabalham com criações simbólicas para a cultura do estado. Neste domingo, 19 de março, Dia do Artesão, dois profissionais de Campo Grande (MS) abrem seus ateliês e contam suas histórias com a arte.

Com histórias diferentes no meio artístico, porém com pontos parecidos, Suellen Lanza, no crochê, e Mauro Mendes Mondine, na produção de mandalas, encontraram na arte o caminho do empreendimento e a possibilidade de mostrarem talentos. 

A artesã é formada em Ciências Contábeis, porém não chegou a exercer o ofício. Natural de Fátima do Sul, sua história com o crochê começou desde quando tinha cinco anos de idade, ensinada por uma tia. E foi em Campo Grande que a artesã viu seu empreendimento 'cair no gosto do povo'. Mauro, por sua vez, é formado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Antes de se encontrar no mundo das artes, contudo, formou-se em Radiologia e trabalhou como barista. 

Suellen contou a equipe do Diário Digital o começo de sua trajetória com o crochê e o aperfeiçoamento com o amigurumi - técnica japonesa usada para criar bonecos feitos de crochê ou tricô. Após ter sido ensinada pela tia quando ainda era criança, explica que perdeu o interesse pelo crochê. Foi somente adulta, depois de se casar, que teve um recomeço com o artesanato: passou a fazer tapetes, jogos para banheiro, cozinha, todos confeccionados com o crochê.

Suellen ficou afastada do mundo do artesanato por anos - (Foto: Luciano Muta) 

Ainda assim, a artesã trabalhava em outras áreas. Com a chegada do seu terceiro filho, a empreendedora deixou os trabalhos fora de casa de lado e começou a se dedicar ao seu outro papel, o de mãe. Foi durante essa jornada que buscou aperfeiçoamento em outras técnicas de crochê para, então, dar vida a criações perfeitas para venda."A técnica do amigurimi, eu aprendi sozinha, e buscando curso", relata. A empresária brinca que o primeiro “cliente” foi o próprio filho. "O primeiro boneco que eu fiz foi para meu filho. Era um ursinho que você olhava e não sabia direito a definição. As primeiras peças dispensam comentários", brincou à artesã.

Entretanto, Suellen não desistiu e buscou aperfeiçoamento na técnica. As primeiras peças foram vendidas pelas redes sociais. Com carinho, recorda-se até hoje da primeira cliente e do desafio de entregar as encomendas. "A dona Zu foi minha primeira cliente. Ela, que é japonesa, me achou no Facebook e fez uma encomenda de seis santinhas. Eu nunca tinha feito, mas quis me desafiar e aceitei o pedido. Deu um certo trabalho e consegui entregar no prazo. Atualmente é minha cliente mais fiel, e até amiga da família", conta. E assim surgiu o “Crochês da Su”.

Suellen buscou aperfeiçoamento na técnica japonesa de amigurumi - (Foto: Luciano Muta)

Os crochês de Suellen são uma das variedades de artesanato no estado. As mandalas de Mauro, por exemplo, são pouco vistas em Mato Grosso do Sul, o que, justamente, impulsiona o artista a prosseguir com os trabalhos. “Quero fugir um pouco da arte tradicional e agregar minhas criações à identidade do estado. Muitas pessoas me falam que nunca tinham visto venda de mandalas aqui. É um trabalho mais comum em outros estados”, conta.

Mauro é formado em Artes Visuais pela UFMS - (Foto: Victória de Oliveira)

Antes das mandalas entrarem em sua vida, percorreu por outros caminhos. “Quando prestei o Enem, queria fazer Nutrição, mas quando olhei a grade curricular do curso de Artes Visuais pensei: “nossa que maravilhoso”. É um curso que se aprende vários ofícios relacionados à cultura, cerâmica, escultura, gravura, desenho, pintura, fotografia, vídeo, várias linguagens da arte”, exemplificou. 

Explica, também, que a identidade dele transita entre o artesão e o artista. “O artesão produz obras com utilidade além do visual. Então, um chaveiro ou um colar. O artista produz mais obras para serem expostas. Não tem como usar uma mandala no pescoço, por exemplo”, diferencia. Além das artes das mandalas, o artesão produz colares, brincos, incensários e até porta-copos, todos com a representatividade das mandalas.

Mauro produz mandalas, incensários, porta-copos e mais criações - (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje em dia, além de artista e artesão, é professor de Artes, arteterapeuta e empreendedor, proprietário do Oruam Mandalas. Combinando as atribuições, produz as mandalas. Além de peça decorativa, as obras possuem um círculo sagrado, considerado um portal, relacionado aos sentimentos e energias. "As mandalas são muitas energéticas. Eu as trabalho com as energias. Normalmente, eu não as planejo, ela se criam sozinhas, os desenhos as cores e formulas. As mandalas em si trabalham com inconsciente e junto com a arte, veem com essa expressão dos meus sentimentos”, explicou o artista. 

O artista expressa seus sentimentos através das mandalas - (Foto: Victória de Oliveira)

Assim como Suellen, realiza vendas pelas redes sociais, porém já chegou a ter uma loja física da Oruam Mandalas na Praça dos Imigrantes, região central de Campo Grande. Mauro também busca constantemente por conhecimento. Para ele, as referências, novas técnicas e aprimoramento através de cursos, são fundamentais e impactam diretamente no produto final. 

Questionado quanto às encomendas, Mauro contou ao DD que, na maioria das vezes, os clientes o deixam livre para criar. “A gente combina qual energia o cliente quer que a mandala transmita e as cores que ele mais gosta. Mas é tudo muito livre, tenho a liberdade de me expressar pela arte”, conta. O artista explica que o tempo de produção de uma mandala é, geralmente, de três dias. Quanto aos valores, variam conforme o tamanho e acabamento das peças.

Mandalas feitas sob encomenda - (Foto: Arquivo Pessoal)

Amigurumi como renda - Diferente de Mauro, que combina diferentes atribuições, a artesã Suellen tem a arte do crochê como sua principal renda. Conta que o dinheiro ganhado com a venda dos bonecos de amigurumi tem ajudado e, muito, na renda da família. Com a popularidade dos bonecos, Suellen deixa uma dica para aqueles que pretendem empreender no ramo, “Seja dedicado é uma técnica trabalhosa, que exige muito esforço, porém não é impossível de aprender. Eu mesma aprendi sozinha. Invista em cursos pela internet mesmo”, finalizou.  

Boneca ‘Wandinha’ e 'mãozinha, feitas em crochê -(Foto: Luciano Muta)

 

Artesã já iniciou produção da Páscoa - (Foto: Luciano Muta)

Ficou curioso para conhecer mais sobre o trabalho dos artesãos? Suellen pode ser encontrada pelo Instagram @suellenlanza, onde é possível fazer orçamentos e pedidos personalizados. Já Mauro atende pelo Instagram @oruam.mandalas, onde também aceita encomendas e expõe suas realizações.

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