De inclusão no mercado de trabalho a aceitação familiar: os desafios de ser uma mulher trans em 2025
“Só de andar normalmente na rua você consegue perceber os olhares maliciosos”, diz Cecilia


Nesta última quarta-feira (29) foi celebrado o Dia Nacional da Visibilidade trans, data criada em 2004 que reforça a luta da comunidade pelos seus direitos, inclusão e respeito.
Cecilia Caminha Salina, uma estoquista de 21 anos e acadêmica de Matemática na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), conta sobre as lutas que enfrenta durante seu dia a dia e como o preconceito é presente em muitos núcleos que ela frequenta. A jovem diz que o preconceito é escancarado: “só de andar normalmente na rua você consegue perceber os olhares maliciosos, tanto de pessoas com más intenções como de pessoas com um olhar de desdém em relação a tudo que envolve você”. Ela relata que o processo de transição não foi fácil, mas foi necessário para que ela mesma se encontrasse. “Não é nada tranquilo, eu mesma já tive que me esconder às vezes para situações que são comuns no dia a dia de qualquer pessoa”.
Cecilia também fala sobre como é ser uma mulher trans no mercado de trabalho: “O julgamento já começa desde a entrevista, o preconceito fica nítido” e que já teve que esconder sua verdadeira identidade para conseguir encontrar um emprego. Ela aconselha as pessoas trans a tentarem empregos onde há uma estabilidade, como concursos públicos, porque a discriminação é muito forte no mercado.
No núcleo familiar, Cecília também acabou tendo atritos com parentes após transicionar: “pessoas da minha família que são da comunidade LGBTQIAP+ me julgaram, é um processo que está sendo ainda bem difícil”, e também fala que existe muita dúvida quando o assunto é relacionamento, “as pessoas ainda pensam que quando você se assume automaticamente vai gostar do gênero oposto” e que alguns parceiros tentaram esconder.
Cecilia termina dizendo que não é fácil ser uma pessoa trans no Mato Grosso do Sul, mas é libertador ser quem você realmente é e que a felicidade e a leveza que isso tudo traz é enorme.
No Brasil, desde o ano de 2019 o STF (Supremo Tribunal Federal) criminaliza a homofobia e a transfobia, e que a pena pode ir de um a três anos de prisão, além de multa. E pode chegar a até cinco anos de reclusão se houver divulgação ampla do ato.
Associação Nacional de Travestis e Transexuais, Antra, revela que, apenas em 2024, 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil. O país permanece na 17a posição entre os que mais matam pessoas trans no mundo.
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