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Cineastas negros de todo Brasil podem inscrever filmes no projeto Olubayô

Cinco curtas-metragens entre 5 e 25 minutos serão selecionados para circular nas comunidades quilombolas de MS

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Redação
Sessão de cinema na Comunidade Remanescente de Quilombo São João Batista, em Campo Grande (Foto: Divulgação)

Estão abertas as inscrições para a chamada pública do projeto "Olubayô – Cinema nas Comunidades Quilombolas". O projeto busca democratizar o acesso ao cinema e promover debates sobre identidade, resistência e ancestralidade nas comunidades remanescentes de quilombos em Mato Grosso do Sul.

O projeto tem recurso da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura (MinC), por meio de edital da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul). “Olubayô – Cinema nas Comunidades Quilombolas” prevê a seleção de cinco obras audiovisuais, sendo duas nacionais e três estaduais (de Mato Grosso do Sul), realizadas por cineastas negros. Cada obra selecionada receberá um cachê de R$ 3 mil. Os filmes devem ter até 25 minutos, classificação livre e serem legendados ou ter alguma outra medida de acessibilidade. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até 20 de dezembro, através do formulário online https://bit.ly/InscOlubayo.

Reconexão com a ancestralidade - “O nome ‘Olubayô’ é de origem Yorubá e significa ‘maior alegria’. Nossa ideia é levar ao mesmo tempo cultura e momentos de alegria para as comunidades quilombolas, promovendo uma reconexão com a ancestralidade africana e reforçando o orgulho das nossas origens”, destaca Bartolina Ramalho Catanante, mais conhecida como professora Bartô, presidenta do grupo TEZ (Trabalho Estudos Zumbi) e uma das idealizadoras do projeto.

Desde a sua criação, o TEZ atua em iniciativas de incentivo à educação e cultura nas comunidades quilombolas, fortalecendo laços com os territórios e fomentando o sentimento de pertencimento. “É um trabalho constante de valorização da história e cultura afro-brasileira, estimulando as comunidades a sentirem orgulho de sua identidade”, reforça a idealizadora.

O projeto Olubayo propõe um olhar ampliado para a representatividade no cinema. “Pensar que um filme feito por um cineasta negro está circulando em Mato Grosso do Sul e no Brasil é uma forma de trabalhar a representatividade. Quando uma pessoa negra vê seu igual produzindo arte e cultura, isso inspira e fortalece”, afirma Bartô.

As exibições acontecerão em nove comunidades remanescentes de quilombo do Estado: Tia Eva e São João Batista (Campo Grande), Furnas do Dionísio (Jaraguari), Águas do Miranda (Bonito), Furnas dos Baianos (Aquidauana), Picadinha (Dourados), Comunidade dos Pretos (Terenos), Família Jarcem (Rio Brilhante) e Família Cardoso (Nioaque). Elas devem ser realizadas entre fevereiro e abril e após os filmes haverão debates promovidos pelo grupo TEZ. Os encontros buscarão aprofundar reflexões sobre a resistência histórica dos quilombos e a identidade negra brasileira e sul-mato-grossense.

Sobre o processo de inscrição - Os interessados devem preencher o formulário disponível no link da chamada pública e enviar documentação comprobatória, incluindo portfólio, autodeclaração étnico-racial, CPF, comprovante de residência, entre outros. A curadoria será composta por cinco membros do grupo TEZ, que avaliarão as obras segundo critérios como mérito artístico, relevância cultural, criatividade, acessibilidade e linguagem cinematográfica.

Para a professora Bartô, o cinema tem o poder de proporcionar liberdade criativa e reflexões profundas. “O cinema nos conecta com nosso eu e com o mundo, nos permitindo compreender melhor nossa identidade e nossas possibilidades. Com o Olubayo, queremos levar essa experiência para as comunidades quilombolas e expandir seus repertórios culturais”, conclui.

A seleção final dos filmes será divulgada em 20 de janeiro de 2025, no perfil oficial do projeto no Instagram (@olubayo_cinemanegro). Mais informações estão disponíveis no edital da chamada pública pelo link https://bit.ly/ChamadaPublicaOlubayo.

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