Canetas emagrecedoras trazem efeitos que prejudicam a saúde bucal

O uso das chamadas “canetas emagrecedoras”, que contêm princípios ativos semelhantes ao hormônio GLP-1, como liraglutida e semaglutida, tem se popularizado entre os brasileiros. Autorizados pela Anvisa para o tratamento de diabetes, sobrepeso e obesidade, esses medicamentos vêm ganhando destaque pelos efeitos na perda de peso. No entanto, o aumento do consumo também tem levantado preocupações quanto à saúde bucal, levando o Conselho Federal de Odontologia a emitir alertas sobre possíveis impactos desses fármacos na rotina odontológica dos pacientes.

Entre as alterações mais recorrentes está a xerostomia, popularmente conhecida como boca seca. Além do desconforto, essa condição compromete funções essenciais da saliva, “que exerce um papel fundamental na proteção dos dentes, na neutralização de ácidos e na manutenção do equilíbrio do pH bucal”, explica Fabiana Cavallini Magalhães, mestre e especialista em periodontia e prótese dentária.

De acordo com a especialista, quando a produção de saliva diminui, a boca se torna mais vulnerável à proliferação de bactérias, inflamações gengivais, doenças periodontais e até mesmo à perda óssea. Além da boca seca, pacientes também relatam alterações no paladar, como gosto metálico ou amargo, mau hálito e danos aos dentes. Isso ocorre porque esses princípios ativos atuam retardando o esvaziamento gástrico e, caso não haja uma dieta adequada, podem provocar episódios de vômitos. O ácido estomacal, por sua vez, é capaz de corroer o esmalte dentário.

Os efeitos colaterais podem variar de pessoa para pessoa, e parte dos sintomas pode ser revertida com acompanhamento médico. Ainda assim, o cuidado odontológico contínuo é essencial. “A intervenção precoce é fundamental para evitar complicações e garantir que o tratamento para controle da obesidade e do sobrepeso não comprometa a saúde bucal”, destaca Fabiana.

Orientações para pacientes em uso de canetas emagrecedoras

● Consulta odontológica prévia: fundamental para uma avaliação individualizada e definição de estratégias preventivas.

●  Hidratação constante: beber água regularmente ajuda a aliviar a sensação de boca seca.

●  Evitar substâncias que irritam a mucosa bucal: álcool, cafeína e alimentos muito ácidos ou condimentados podem agravar os sintomas.

● Estimular a produção de saliva: balas ou chicletes sem açúcar auxiliam na lubrificação oral.

● Atenção em casos de vômito ou refluxo: escovar os dentes e, se necessário, conforme orientação do dentista, utilizar saliva artificial para reduzir danos ao esmalte dentário.