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'Barragem dá indícios de ruptura', diz especialista em geotécnica

Em nota, o Corpo de Bombeiros afirmou que o loteamento de luxo não tinha certificado de vistoria

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Marina Romualdo
Veja como ficou a rodovia após o rompimento da barragem do loteamento de luxo (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Com o rompimento da barragem do condomínio Nasa Park que ocorreu na terça-feira (20) a água acabou destruindo residências, arrastou veículos e invadiu a BR-163, que fica entre Campo Grande e Jaraguari. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o loteamento de luxo não tinha certificado de vistoria e agora, as equipes de segurança atuam para analisar as questões de segurança e possíveis irregularidades e, com isso, a notificação será enviada para os proprietários.

O doutor em engenharia geotécnica, José Otávio Serão Eleuterio explicou ao Diário Digital que o problema do rompimento pode estar relacionado à perda da capacidade de suporte do terreno de fundação – estabilidade global da barragem ou por deficiência no sistema de drenagem no corpo da barragem. "A primeira possibilidade deve-se analisar os resultados das investigações geotécnicas executadas para o projeto executivo como sondagens, ensaios de laboratório e, entre outros, e a memória de cálculo do dimensionamento da barragem, sobretudo a verificação da estabilidade global do maciço".

"O segundo caso é o mais crítico, a priori, de vez que sem um monitoramento adequado feito com medidores de níveis d’água e piezômetros, não tem como saber se está ocorrendo erosão interna (pipping) no corpo da barragem. E, caso o sistema de proteção interna (filtros de areia verticais e colchões drenantges) da barragem não tenha sido dimensionado ou executado de forma adequada, a probabilidade de ruína da barragem é elevada", expôs o engenheiro.

(Vídeo: Claudemir Cândido/TVMS Record)

Já o rompimento da barragem do lago ser algo era algo que estava previsto, o especialista informou que toda barragem de grande porte deve ser monitorada de forma periódica através da instalação de instrumentos de medição. "Uma barragem dá indícios de ruptura, principalmente quando ela não está relacionada aos eventos extremos. Esses indícios são basicamente deformações no corpo da barragem, trincas de tração e percolação de água à jusante pelo corpo da barragem. Esses indícios são perfeitamente observados caso se tenha instalado instrumentos como inclinômetros – medidores de deslocamentos, medidores de níveis d’água e piezômetros para medidas de excessos de poropressões no solo".

"Em geral, os riscos de rompimento estão relacionados ao conhecimento das características do terreno de fundação, da execução e da consideração das condições de contorno adequada. As estruturas de obras de terra, barragens, por exemplo, são dimensionadas considerando fatores de segurança adequados. Caso se tenha adotado fator de segurança adequado e as investigações do subsolo consideradas suficientes, as obras de terra permanecerão estáveis ao longo do tempo. Tudo se resumo ao nível de conhecimento do subsolo e uma investigação geotécnica adequada os riscos são minimizados, uma investigação geotécnica 'pobre' aumenta-se consideravelmente o risco de colapso".

Por fim, o engenheiro relata que, em geral, no início da operação da barragem as vistorias podem ser mensais e são espaçadas à medida que os resultados vão se mantendo constantes, sendo assim, por isso, existe a importância do acompanhamento contínuo das leituras dos instrumentos. E, já em relação à fiscalização, José Otávio informou que no projeto de dimensionamento da barragem deve-se prever programa de monitoramento, pois, toda ruptura de barragem de água em perímetro urbano oferece grandes impactos na região periférica. "As barragens não são construídas para romper. Em geral, as rupturas estão relacionadas a não consideração de determinado fenômeno e também de campanha de investigações geotécnica deficiente". 

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