Após transplante de rim, Gilson Trajano aproveita a nova chance de vida
“Não podia pegar meu filho no colo”, conta Gilson antes do transplante
“Não podia pegar meu filho no colo”, conta Gilson Trajano, que teve nova chance de vida após transplante de rim
14 de março é dia de lembrar a importância dos cuidados com o rim; Em MS, 187 pessoas esperam pelo transplante do órgão
Recém-ingressado em concurso público, em 2012, o servidor Gilson Trajano não imaginava que um achado durante exame admissional mudaria toda sua vida: os níveis de creatinina estavam aumentados. Com o passar dos anos, a doença evoluiu ao ponto de, em plena pandemia, os rins praticamente pararem. “Eu sentia fraqueza, ânsia, dores nas costas, até pensei que fosse Covid”. Com o agravamento, passou por um ano de diálise peritoneal três vezes ao dia e, por fim, em outubro de 2022, o transplante, que foi bem-sucedido e deu uma nova chance não só para Gilson, mas para toda sua família. “Meu filho estava com poucos meses quando fiquei ruim, não podia nem pegá-lo no colo, fiquei muito fraco. Ele queria estar perto de mim e não conseguia e isso me deixou muito triste”.
Encontrar um doador compatível em tempo curto foi crucial para Gilson, que faz um apelo às doações de órgãos: “É uma nova chance de viver. O paciente que fica na máquina tem uma vida sofrida, fica muito debilitado, sem esperança”. Esposa de Gilson, Julia Cristina Alves Mendes Trajano, relata que a possibilidade de fazer a diálise em casa, conseguir um doador em pouco tempo e ter o transplante sem intercorrência é muito gratificante. “Às vezes a gente até esquece que passou por tudo isso. O hospital da Unimed Campo Grande e os médicos nos deram todo apoio e suporte. Hoje a qualidade de vida é outra, conseguimos viajar tranquilos, ir a um clube, ele pode brincar e jogar bola com o João. Ele viu o filho crescer, algo que desejou muito. É muito importante ter a sensibilidade de deixar escrito ou falado o desejo de ser doador”.
Em Mato Grosso do Sul 187 pessoas estão na fila à espera do transplante de rim, conforme dados atualizados em 28 de fevereiro último pelo Ministério da Saúde. No ano passado, foram realizados 30 transplantes renais no Estado. A médica nefrologista Welluma Lomarques de Mendonça Brito destaca que é preciso fazer exames de rotina sem esperar por sintomas, uma vez que a doença muitas vezes tem progressão silenciosa e o diagnóstico precoce é fundamental. Os principais exames para avaliação inicial são hemograma, glicemia, uréia e a creatinina, além da aferição da pressão arterial. Com esses parâmetros, o médico pode avaliar a saúde renal e, se necessário, realizar uma investigação mais aprofundada. “Nesse início a gente ainda consegue agir e evitar a progressão para doenças mais avançadas, aquelas que necessitam de algum suporte de diálise. Não esperem ter dor. Se atentem a um cansaço excessivo; aumento de pressão; pressão que não está conseguindo controlar; urinar mais do que três vezes à noite, talvez um enjoo pela manhã. São sintomas inespecíficos que muitas vezes as pessoas estão sentindo e não atribuem ao rim. Uma a cada 10 pessoas tem algum grau de doença renal crônica e às vezes nem sabe”, alerta.
O urologista e coordenador da Comissão de Transplantes Renais do Hospital Unimed Campo Grande, Dr. Thiago Frainer explica que a boa saúde renal está ligada principalmente a hábitos saudáveis de vida, como moderar o consumo de sal e produtos multiprocessados; realização de atividades físicas regulares; manutenção da pressão arterial e realização de exames regulares. “A hidratação deve ser o ponto principal para a saúde renal, principalmente com aumento dos casos de dengue, Covid-19 e dias de calor intenso, além disso, os cuidados devem ser redobrados com crianças e pacientes mais idosos”. As principais doenças que levam à falência renal no Brasil são a hipertensão arterial e diabetes. “Fatores como aumento da temperatura e poluição sobrecarregam ainda mais a função real, contribuindo para as doenças”, finaliza.
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