Antiga rodoviária: a linha tênue entre expectativa e realidade dos comerciantes locais
Empresários do Condomínio Terminal do Oeste, na antiga rodoviária, já fazem planos com início da revitalização
São 235 pontos comercias e abrigava dois cinemas - (Foto: Luciano Muta)
A revitalização do Terminal Heitor Eduardo Laburu, conhecido como ‘antiga rodoviária’, representa a lenha na fogueira para dar força à chama que nunca se apagou para os comerciantes e proprietários dos pontos comerciais nas instalações do local. Iniciada nesta semana, a reforma do lado de fora do Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste estimula quem tanto esperou o retorno do movimento para melhorias internas, que são de iniciativa privada, e estão nos planos de grupo de empresários.
Do outro lado do telefone, uma voz rouca e confiante atende a ligação, que tem como objetivo entender a expectativa dos comerciantes locais com a revitalização da antiga rodoviária. Um suspiro de alívio toma conta da outra linha, antes que Heloísa Cury conte sua luta. "Foram 12 anos tentando conversar com a Prefeitura. Passei por quatro prefeitos, levei muito chá de cadeira. É uma conquista para nós que estamos aqui há mais de 30, 40 anos”, declara aliviada.
Heloísa é proprietária de 14 salas no Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste e viu o auge do local. Hoje, explica que reformas na antiga rodoviária aumentam as expectativas dos comerciantes resistentes e batalhadores do local, que parece até abandonado, para tirar o sustento para viver. “Tenho recebido bastantes perguntas, [como] ‘o que vai acontecer?’. Mas eles estão esperando a obra começar mesmo. O público com político é sempre receoso. Então acredito que a hora que o condomínio começar a sentir a 'quebradeira', aí vamos ter uma boa procura", explica.
No projeto da Prefeitura de Campo Grande, o espaço degradado deve ser substituído por galeria comercial arborizada de dois andares que conta, inclusive, com estacionamento e espaço para eventos. No de Heloísa, o centro de comércios terá uma cara de jovialidade. "Eu estou fazendo uma campanha para que empresários jovens venham com outra cabeça. Estou fazendo mix de comércios, ligando para outras pessoas, empresários, Sebrae, para fazer com que eles entendam isso”, destaca.
A empresária adianta que os planos dela envolvem organização em setores. “Vou bolar um projeto de fazer um corredor só de mulheres empreendedoras. Agora estou atrás de uma equipe médica - até, inclusive, alguns médicos e dentistas andaram investindo ali - para fazer um corredor só da saúde, entendeu? De várias especialidades ali”, conta.
Quando a reforma estiver a todo vapor
O Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste funciona e possui, inclusive, cerca de 15 sobreviventes das ruínas do tempo, que parecesse não ter passado nos entornos de onde o auge já foi percebido. O local é nostálgico não só para quem já o visitou até meados 2010, mas para quem investiu economias, esforço e tempo a fim de prosperar em um dos pontos mais movimentos de Campo Grande - ou pelo menos que já foi, com 235 salas comerciais movimentadas e dois cinemas que chegavam a lotar.
No local iluminado pela luz do dia, duas lojas frente a frente mostram produtos nostálgicos. Uma expõe os produtos apenas nas dependências do ponto comercial, com mostruários de vidro abarrotados de relógios de punho e copos de times de futebol, iluminados por uma luz amarelada, enquanto a outra utiliza todo o espaço que pode para expor boias, óculos de sol, relógios de punho, CDs, DVDs, cintos e mais objetos - alguns, verdadeiras relíquias.
Sorridente e caloroso, Saul Danielson, de 57 anos, dono da Relojoaria Orient recebe nossa equipe em frente ao estabelecimento. Ele conta que está ali desde 1983 e tira o necessário para sobreviver no dia a dia. Explica, ainda, que a reforma da rodoviária é história antiga ali dentro. “Expectativa a gente sempre teve, mas foram tantas promessas de melhoria que a gente só acredita vendo”, afirma.
O mesmo pensamento é declarado por Mamede Fernandes Amorim, de 70 anos, que mantém a “Magno Presentes” desde 2003. “A gente espera uma melhora. Desde que prometeram que iam melhorar isso aqui, estamos na esperança. Até hoje, até agora nada. Então, a gente realmente só passa a acreditar assim que iniciar”, afirma.
Há uma semana, em 1º de julho, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), assinou ato que dá início às obras de requalificação das áreas públicas da antiga estação rodoviária. Na ocasião, a representante da Prefeitura destacou que "os recursos estão assegurados e a empresa, contratada”.
Já podem ser vistas
A equipe do Diário Digital esteve pelo quadrilátero das ruas Dom Aquino, Barão do Rio Branco, Vasconcelos Fernandes e Joaquim Nabuco, no Bairro Amambaí, onde o edifício da antiga rodoviária está localizado, nesta quinta-feira (7) e sexta-feira (8). No local, a empresa responsável pela reforma já iniciou as obras e colocou materiais de construção na área frontal, cuja receberá a reforma da Prefeitura.
A expectativa é de que a prefeitura faça a requalificação do prédio que integra o projeto de desenvolvimento da cidade e contemple também o acolhimento das pessoas em situação de rua no entorno. Construída na década de 70, com 30 mil m², dos quais 5,1 mil m² pertencem ao Executivo Municipal.
Projeto
Ao longo dos anos, o espaço passou por um processo de degradação que provocou o fechamento do centro comercial existente. O terminal rodoviário foi desativado há 12 anos. Na obra serão aplicados recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional, no valor de R$ 15.340.247,13, obtidos por meio de emenda da bancada federal. A prefeitura entrará com uma contrapartida de R$ 1.258.893,64, totalizando R$ 16.598.800,77 de investimento.
O projeto de revitalização abrangerá as áreas públicas nos dois pisos do prédio, que somam 5,1 mil m² e a construção de 3,5 mil m², em dois andares, na Rua Joaquim Nabuco, entre as antigas plataformas de embarque e desembarque dos ônibus do transporte municipal.
O espaço vai abrigar a Guarda Civil Metropolitana e a Funsat. Nesta parte do prédio, funcionavam as plataformas de embarque e desembarque dos ônibus intermunicipais e o piso superior, com 1.460,09 m², abrigava os guichês para venda de passagens.
(Fotos: Arquivo)
O espaço das antigas plataformas externas será adaptado para se tornar um corredor de acesso à galeria e ao edifício público, transformado em um grande calçadão com jardins contemplativos. São 2.326,53 m² margeando as ruas Joaquim Nabuco e Vasconcelos Fernandes.
O espaço em que funcionava o terminal de transbordo do transporte coletivo, será transformado em área de estacionamento no horário comercial. O piso será nivelado para se tornar um grande platô, espaço multiuso para eventos. O projeto contempla ainda soluções viárias para garantir maior segurança no trânsito e vagas de estacionamento, facilitando o acesso do que já foi uma das mais movimentadas galerias comerciais da cidade, um embrião do que são hoje os shoppings.
Serão implementadas soluções urbanísticas para adequar o prédio às normas de acessibilidade. As calçadas no entorno serão alargadas, o estacionamento em 45 graus retirado para inserção de jardins e áreas de estar com rampas. Estão previstas faixas elevadas de pedestres para controlar a velocidade dos veículos, o que vai aumentar a segurança de pedestres e ciclistas.
Interesse nos pontos comerciais - Heloísa Cury afirma que empresários interessados em levar vida ao Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste podem entrar com contato com a proprietária pelo telefone (67) 99282-3610.
Confira galeria de fotos:
Veja Também
Animais domésticos terão direito a RG com cadastro nacional
Procurador da República abre inquérito para investigar ação da PRF
Último fim de semana de 2024 tem espetáculos e shows gratuitos
Câmara aprova fim da contagem de pontos na CNH do motorista que não pagar pedágio