Animação feita por crianças em projeto da UFMS vai para festivais
Temática trabalhada foram as emoções das crianças com a volta presencial às aulas
O curta Deu a louca nas emoções, produzido por alunos do ensino fundamental por meio de um projeto de extensão da UFMS, foi selecionado para participação em diversos festivais. A animação foi exibida na Mostra Geração do Festival do Rio, Rio de Janeiro; na 22ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Santa Catarina; no Festival Internacional de Cinema Escolar de Alvorada 2023, Rio Grande do Sul; no 8º Festival Internacional de Animación AJAYU, do Peru, e no Festival Hacelo Corto de Buenos Aires, da Argentina.
O filme foi concebido e produzido por alunos do quinto ano da Escola Estadual 11 de outubro ao longo de 2022, em mais uma edição do projeto Brincar de fazer cinema com crianças, coordenado pela professora da Faculdade de Educação (Faed) Tina Xavier. A docente explicou que o projeto existe desde 2010 e é realizado anualmente com crianças de escolas municipais. No ano passado as atividades foram retomadas após uma pausa devido à pandemia, e foi também a primeira vez que foram realizadas em uma escola estadual.
“A temática trabalhada foram as emoções das crianças com a volta presencial às aulas, após esse período em que todos ficamos em isolamento. As crianças do quinto ano estavam com as emoções à flor da pele, por isso o filme retrata e trabalha isso: como gerir essas emoções do reencontro com amigos e amigas na volta à socialização”, comentou a coordenadora.
A docente explicou que o trabalho seguiu a metodologia de sempre, com três fases distintas. Na primeira, intitulada Brincar de pensar em si e no mundo, várias atividades foram realizadas para as crianças refletirem o assunto. “Levamos livros infantis, vídeos, filmes, curtas metragens do nosso projeto e de outros que também são desenvolvidos com crianças, fizemos toda a discussão teórica e reflexiva sobre a temática”, explicou.
A professora contou que as emoções pessoais sobressaíram: “muitas não conseguiram estudar direito com o ensino remoto e, por serem de camadas bastante populares, também não tinham acesso a pessoas que pudessem auxiliá-las. Isso gerou emoções como raiva, medo, dificuldade de lidar com o ‘não saber’. Muitas também não tinham sido alfabetizadas em sua completude quando começou a pandemia e isso também gerou emoções conflituosas”.
A segunda etapa intitulada Brincar de fazer cinema com as crianças, consiste na criação e produção do curta, na qual os participantes do projeto apresentam e trabalham temas como a linguagem cinematográfica, passam à construção do roteiro e do filme em si. A animação Deu a louca nas emoções foi desenvolvida em 2D, ou seja, com desenhos produzidos pelas crianças.
A terceira fase é a realização de um seminário ao final do ano, para o lançamento do filme produzido e uma mesa redonda para discussão do projeto, da qual as crianças também participam. “É um momento bastante interessante, as crianças ficam felizes de ver sua produção sendo exibida e de participarem da avaliação do projeto”, apontou a coordenadora.
Tina costuma inscrever os curtas em diversos festivais nacionais e internacionais e afirma que só a aprovação na seleção já considera um prêmio. “São filmes do mundo inteiro e por isso é sempre uma alegria imensa sermos selecionados para exibição. Termos o filme em vários lugares do mundo demonstra a importância e reconhecimento do nosso trabalho também na Universidade e especialmente o reconhecimento de como a Universidade articula seus saberes com a comunidade”, declarou.
A equipe de produção do Deu a louca nas emoções foi composta pela coordenadora, pela técnica em Assuntos Educacionais, Samanta Felisberto Teixeira, e pelos estudantes de Pedagogia bolsistas de extensão: Carolina Cristaldo Fontes Rocha, Clara Moreira Guarnieri Rosa e Isadora Lynch dos Santos; e voluntários: Ana Karolinna Rodrigues Moraes, Lui Soares, Rhanna Raquell Moura Salim de Souza e Telma Iara Bacarin.
Projeto de extensão - Brincar de fazer cinema com crianças já foi divulgado na segunda edição da Revista Candil. Em 2023 uma nova turma de alunos, desta vez do 4º ano da escola Municipal Maria Regina de Vasconcelos Galvão, produziu um novo curta intitulado A escola das diferenças.
Com a nova produção, o projeto totaliza 14 animações em 13 anos de história. Muitas delas já receberam premiações e foram selecionadas para grandes festivais como o Anima Mundi. Os filmes e também os bastidores das produções podem ser visualizados no canal do projeto. Mais informações podem ser encontradas também neste e neste perfis nas redes sociais e nesta página.
A coordenadora Tina Xavier revelou que deve continuar com a atividade ainda por muitos anos. “É um projeto extremamente potente. É um processo de construção, de socialização de conhecimentos e reflexão de temáticas importantes para as crianças. É transformador para elas e também para nós da equipe, porque a cada ano estamos com uma temática diferente. Os temas são decorrentes das nossas pesquisas na Universidade, mas para que possamos dialogar com as crianças tem muito mais estudo, muito preparo, e isso contribui muito também para nossa formação”, finalizou.
Veja Também
Aplicativo sobre de prevenção de desastres já tem 2 mil downloads
Lula sanciona lei sobre uso de bioinsumos na agropecuária
Bebê sobrevive à cirurgia complexa que retirou tumor do coração na Capital
Polícia Civil de MG já identificou 16 vítimas de acidente na BR-116