Aldeia Indígena recebe visita técnica do Ministério da Saúde e governo estadual
Maior reserva em contingente populacional indígena do País enfrenta muitos problemas
A delegação do Ministério da Saúde composta pelo secretário de Atenção Primária, Nésio Fernandes e o secretário de Atenção à Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, estiveram na reserva indígena de Dourados, nesta sexta-feira (16) fazendo uma visita técnica às unidades de saúde.
Dourados é a segunda maior cidade do Estado, distante 230 quilômetros da Capital, e também onde está localizada a reserva indígena mais populosa, com cerca de 20 mil indígenas das etnias guarani, kaiowá, guarani nhandeva e terena.
A visita técnica atende ao apelo feito pelo Governo do Estado para que o Ministério da Saúde conheça a realidade do atendimento e da estrutura nas unidades, e possa contribuir no avanço das políticas públicas voltadas aos povos originários em Mato Grosso do Sul.
“É a maior reserva em contingente populacional indígena do nosso País, e que passa por várias problemáticas, então a visita do Ministério da Saúde é extremamente importante no sentido de promover uma atenção de qualidade e uma atenção mais resolutiva aos usuários indígenas”, destaca o subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários, pasta ligada à Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), Fernando Souza.
Fernando recorda que tanto a população quanto a equipe de saúde vêm enfrentando dificuldades há mais de 15 anos. “Esperamos sensibilizá-los e que eles disponibilizem recursos para que seja aprimorado o atendimento do nosso povo, que haja esse olhar para a reserva indígena de Dourados que já é maior que muitos municípios, e onde tudo o que acontece acaba tendo uma outra dimensão, ou seja, qualquer implantação de política que aconteça aqui tende a dar certo nas demais comunidades indígenas do nosso Estado”, explicou o subsecretário.
A estrutura pública hoje presente da reserva indígena é dividida entre quatro UBSI (Unidade Básica de Saúde Indígena) nas aldeias Jaguapiru e Bororó, seis escolas e um Cras (Centro de Referência de Assistência Social).
Vice-cacique da aldeia Bororó, Alex Rodrigues Cavalheiro encara a visita da delegação do Ministério da Saúde com esperança. Presente no dia a dia da comunidade, ele sabe dos anseios da população.
“Eles vindo aqui de perto, conhecer, ouvir as nossas demandas é de extrema importância, porque nós estamos levando diretamente para o Governo Federal o problema e para que eles vejam uma solução o mais rápido possível”, pontua.
Propostas - Secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Nascimento Costa, explica que a visita é justamente para conhecer a realidade da saúde indígena no Estado, e então elaborar propostas a serem apresentadas ao Ministério da Saúde e à Presidência da República.
“Há uma reivindicação histórica da criação de um novo Distrito Sanitário Especial Indígena do Conesul. Esperamos que a gente consiga aperfeiçoar sistema de gestão aqui nessa região e, sobretudo, consiga também o provimento de pessoal, e dar uma resposta ao passivo das infraestruturas de saúde indígena”, enumera Weibe. O secretário de Saúde Indígena também reforçou que uma das atribuições da pasta é resolver o saneamento ambiental na região.
Ao ouvir as lideranças e a própria população da reserva, a delegação do Ministério da Saúde adiantou que os indígenas serão beneficiados com o relançamento do Programa Mais Médicos, do Governo Federal.
“Com a reformulação do programa, nós vamos conseguir até o final do ano resolver todos os problemas de provimento médico em toda a saúde indígena do País. Inclusive está sendo programada uma nova expansão para o redimensionamento de mais equipes médicas”, cita o secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Nésio Fernandes de Medeiros Junior.
A reformulação traria, inclusive, incentivos para qualificar novos profissionais e requalificar a atenção básica oferecida na saúde indígena. Nésio sustentou ainda que com a qualificação de profissionais, infraestrutura e tecnologia é possível reduzir os indicadores ruins acerca da saúde da população indígena.
MS como pioneiro - Com uma das maiores reservas indígenas do País, Mato Grosso do Sul pode servir de modelo para as demais.
“Sem dúvida nenhuma. A concentração da população aqui permite inclusive que a escala, o dimensionamento, o investimento, ele possa se tornar piloto para outros lugares do país”, afirma o secretário de Atenção Primária, Nésio Fernandes de Medeiros Junior.
Um dos articulares para a vinda da delegação, o deputado federal Geraldo Resende explica que já vinha alertando o Governo Federal para a situação dos indígenas de Mato Grosso do Sul.
“Venho tentando sensibilizar o Governo Federal desde que assumi meu mandato este ano. Estive reunido com seis ministros do Governo relatando a situação dos indígenas de Mato Grosso do Sul. Não foi fácil conciliar a agenda dos dois secretários do Ministério da Saúde. Estou esperançoso que saiamos desta visita com direcionamentos e ações transformadoras”, declara o parlamentar.
Pró-Reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários da UEMS, Erika Kaneta Ferri acompanhou a visita técnica e aproveitou a agenda dos secretários do Ministério da Saúde para entregar em mãos o material dos projetos de extensão e pesquisa da Universidade voltado à saúde indígena.
“Nós formamos os primeiros enfermeiros indígenas no Estado, o que muito nos orgulha, e apresentamos a eles o projeto estratégico de residência multiprofissional que a gente tem em saúde da família indígena, e que gostaríamos de expandir para as reservas de Dourados para fortalecer a nossa população”, explica a pró-reitora.
Participaram da visita representantes da Secretaria de Estado de Saúde, da Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos, além da UEMS, UFGD, Funai, Sesai, MPF, Defensoria Pública, Sanesul e representantes de entidades e lideranças indígenas.
Para a secretária-adjunta de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania, Viviane Luiza, Mato Grosso do Sul é pioneiro, mais uma vez, ao reunir para a visita técnica os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário de Mato Grosso do Sul com o Ministério da Saúde.
“Reunimos as lideranças dentro da rede, além dos caciques, professores, e todos aqueles que sabem a realidade de dentro para fora para fazermos um trabalho que chegue até a base com resultado. Para que unindo forças, conhecimento, capacidades e recursos façamos as políticas públicas mais eficazes para aquelas populações tidas como vulneráveis.
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