13º salário chega em meio a endividamento recorde: especialista orienta como usar
Em um contexto de alta dependência de crédito, economistas destacam que o 13º deve servir para reduzir dívidas, construir reserva e planejar gastos

Com a primeira parcela do 13º salário já disponível para muitos trabalhadores formais, surge uma discussão crítica: como usar esse “salário extra” de forma inteligente, especialmente em um período em que as famílias brasileiras enfrentam nível recorde de endividamento e juros altos. Estimativas do setor produtivo indicam que o benefício deve injetar mais de R$ 291 bilhões na economia em 2025.
O contador e educador financeiro André Charone alerta que muitos encaram o 13º como um bônus, quando, na realidade, é uma remuneração adiada, parte da renda que não foi paga ao longo do ano. Esse equívoco pode levar a gastos impulsivos e perpetuar o ciclo do endividamento.
Para Charone, a prioridade deve ser liquidar dívidas caras, como as do cartão de crédito e cheque especial, cujos juros ultrapassam os rendimentos de quase qualquer aplicação. Ele ressalta: “não existe aplicação que compense juros de 12%, 15% ou 20% ao mês”.
Depois de controlar essas dívidas, deve vir a construção de uma reserva de emergência, mesmo que modesta, valores como R$ 300 ou R$ 1.000 já fazem diferença para evitar endividamento futuro. Além disso, parte do 13º deve ser reservada para despesas previsíveis no início do ano, como IPTU, IPVA e matrícula escolar, para evitar parcelamentos com juros.
Charone também reconhece espaço para consumo: sugerir destinar até 20% do 13º para lazer ou presentes, mas somente depois das prioridades financeiras estarem cobertas. Quanto a investimentos, ele recomenda cautela: só após quitar dívidas ou criar uma reserva é válido aplicar em produtos como Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária.
Para o especialista, o uso consciente do 13º pode transformar esse benefício de uma fonte de risco financeiro em uma oportunidade real de recuperação e estabilidade para as famílias brasileiras.
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