Literatura indígena será debatida no FIB
Encontro que integra as atividades do Festival de Inverno de Bonito será no dia 27, a partir das 14h, na Praça da Liberdade
Os escritores e ativistas Olívio Jekupé (PR) e Gleycielli Nonato (MS) se encontram no Lounge Literário para a discutir "História, Memória e Oralidade na Literatura Escrita Pelos Povos Indígenas".
Encontro que integra as atividades do Festival de Inverno de Bonito (FIB) será no dia 27 de agosto, a partir das 14h, na Praça da Liberdade. A mediação fica por conta da professora e cientista política Fabiane Medina, da Faculdade Intercultural Indígena da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O evento é aberto ao público e livre para todas as idades.
Olívio Jekupé é guarani, vive na aldeia Kakane Porã, em Curitiba (PR), e escreve desde 1984. Ele já publicou 24 livros de literatura nativa, como Ajuda do Saci, A mulher que virou Urutau e O presente de Jaxy Jatere que têm edições bilíngues em português e guarani. Ele estudou Filosofia na Universidade de São Paulo, é palestrante, presidente da Associação Núcleo dos Escritores e Artistas Indígenas (Nearin) e um dos fundadores da Associação Guarani Nae’en Porã. Já Gleycielli Nonato é indígena do povo Guató do Pantanal sul-mato-grossense, escritora, comunicadora e multiartista. Ela é autora dos livros Índia do Rio e Vila Pequena - Causos, Contos e Lorotas. Contadora de histórias e causos pantaneiros é também atriz e membro da Academia Brasileira de Letras, seccional Coxim.
Para Gleycielli, ter esse espaço para a literatura indígena no Festival de Inverno de Bonito é importante. "Isso fortalece a visibilidade dos originários e, por sua vez, fortalece a luta dos nossos povos. É uma oportunidade de conhecimento, retomada de cultura e resgate da ancestralidade através da literatura", pontua. Olívio Jekupé reforça ainda que quanto mais as pessoas conhecerem os povos originários e entenderem seu dia a dia, mais eles serão valorizados e respeitados. Para isso, ele acredita que os livros têm papel fundamental. "Somos mais de 300 etnias e temos aproximadamente 170 línguas diferentes. Então, quando um indígena escreve, ele segue o costume do seu povo e leva aos leitores essas diferentes realidades. Hoje, depois de muito trabalho e muita luta tanto minha quanto dos outros escritores, estamos chegando a cada vez mais pessoas", afirma.
A professora Fabiane Medina vê esse encontro como um momento promissor, sobretudo regionalmente. Ela pontua que apesar do Mato Grosso do Sul ser o segundo estado com a maior população indígena no Brasil, o conhecimento sobre essa cultura e a dignidade da pessoa indígena são bastante comprometidos. “Em outros estados, há um reconhecimento maior da pessoa indígena como intelectual de fato e aqui ainda há uma dificuldade, uma morosidade de se entender e reconhecer essa riqueza”, explica. Fabiane acredita que esse encontro, é de extrema importância, pois leva a produção dos povos originários a cada vez mais pessoas e ajuda a dar visibilidade a essa cultura tão plural.
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